Saturday, June 30, 2012

BEATRIZ REGO XAVIER - TESE DE DOUTORADO


Beatriz Rego Xavier defendeu (27 de junho passado) Tese de Doutorado (A natureza contraditória do direito individual do trabalho brasileiro e a inefetividade das normas trabalhistas) na Universiade de Fortaleza (UNIFOR). Seu orientador foi o Prof.Dr. Francisco Luciano Lima Rodrigues. A nova Doutora em Direito Constitucional é Professora do Curso de Direito da UNIFOR.




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Thursday, June 28, 2012

TALZINHO QUER VOLTAR – HISTORINHAS DAS QUARTAS

Todos sabiam na cidade que Talzinho havia morrido já fazia anos. No entanto, ninguém esquecia a figura esquálida, mas querida, do velho chefe. A população ansiava por alguém que dirigisse seus destinos, como fizera Talzinho. E isso por quase quarenta anos. Como se dizia pelas esquinas, ele era uma potência. Em diversos sentidos. (...) A primeira notícia de que coisas estranhas estavam acontecendo foi quando um festejado polímata municipal, em conversa reservada com alguns amigos, relatou os sonhos que estava tendo e cuja personagem principal seria Talzinho. Nesses sonhos Vicentinho via a figura do velho chefe, portando a mesma barba que usou por toda a vida, vestindo uma bata branca e brandindo um cajado; logo no primeiro sonho nosso amigo apurou os olhos e viu que o cajado era, na verdade, uma garrafa de uísque. O velho chefe levava, de vez em quando, a garrafa à boca sorvendo um gole do precioso néctar escocês. Nessa aparição Talzinho reclamava que o povo da cidade o tinha abandonado e ele tinha perdido seu prestígio. 
Segundo dizia era essa a causa de seu desaparecimento prematuro. Agora, ele pretendia arregimentar forças, gente nova, para voltar ao comando dos destinos da cidade tão querida. Vicentinho nada disse em resposta ao antigo chefe, mas decidiu que falaria com alguns amigos que poderiam lhe dar algumas idéias do que fazer. Reunidos os amigos eles foram unânimes em dizer para Vicentinho que ele teria de perguntar como Talzinho queria voltar às suas atividades. Como uma pessoa que morreu poderia voltar à vida? Como ele iria promover o bem estar da cidade se seus correligionários haviam debandado há muito tempo? Essas eram questões mínimas que Vicentinho deveria, segundo seus amigos, colocar para Talzinho da próxima vez que ele lhe aparecesse. Vicentinho memorizou as sugestões dos amigos, principalmente, o Zezinho da Dona Fransquinha, e o Raimundo do Mercado e ficou pronto para a próxima aparição, ou melhor, para o próximo sonho com Talzinho. Segundo as sugestões dos amigos Talzinho deveria aparecer (i.e. ressuscitar), para toda a cidade, em um sábado à meia-noite na Avenida Municipal, com a barba completamente escanhoada, vestindo um terno de linho branco S120 engomado com goma mesmo; ele também deveria trazer uma garrafa de uísque “Black and White” e a sua maquininha de fazer prazer (caso achasse necessário). 
Na ocasião Talzinho deveria trazer, por escrito, todas as suas propostas de governo. Que propostas seriam essas? Ora, a cidade velha tinha tantos problemas que qualquer lista de propostas para se fazer alguma coisa serviria. Como exemplos o grupo sugeria a construção de uma nova ponte de ferro, pois se sabe que a antiga fora condenada pelo Patrimônio; o asfaltamento das ruas do centro (a cidade vai ficar mais quente, mas...); aquisição de banheiros químicos, pois os normais não poderiam mais ser construídos por ter a verba desaparecido; demolição dos velhos casarões, pois constituíam perigo para as pessoas que passavam em sua frente; nomeação de um agrônomo para a Secretaria de Saúde e de um médico para a Secretaria de Agricultura; mandar retirar as poucas hortas plantadas às margens do Rio dado o perigo de contaminação das águas. Os companheiros prometiam que, quando Talzinho tivesse voltado de vera, eles colaborariam com muitas sugestões e mesmo com suas pessoas para comporem a Administração Municipal. Somente poucos concordaram com essa parte. 
Vicentinho escreveu todas essas sugestões para, da próxima vez que Talzinho lhe aparecesse, ele as passasse e discutisse (se ele quisesse). Como as eleições estavam próximas, Vicentinho acreditava que o chefe estivesse muito ocupado em levantar fundos (e mundos) para se sair bem, mais uma vez, na disputa eleitoral. Todos foram unânimes em concordar que Talzinho merecia mais uma chance de fazer o bem à comunidade e por isso se colocariam à sua disposição e de seus cabos.
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Sunday, June 24, 2012

DIETA DA ALEGRIA – HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 279



Logo ao acordar ele comia uma banana, das grandes, e tocava a caminhar por uma hora. Ao voltar deliciava-se com morangos bem vermelhos, comia uma fatia generosa de mamão e tomava suco de laranja. Após isso ele ainda tomava um pouco de café com pão passado na margarina e um pouco de queijo, tofu de preferência.  Ia trabalhar e levava os bolsos cheios de castanha-do-pará e barrinhas de chocolate negro. Ao voltar para casa, para o almoço, ele trazia uma salada, comprada no super mercado, que era feita essencialmente de brócolis, feijão verde, abóbora e atum ou frango. E tome mais chocolate e nozes diversas. Ele ficava em casa e de vez em quando beliscava um pedacinho de chocolate negro e uma bananinha seca. No jantar tomava uma sopa de legumes reforçada com pedacinhos de castanha de caju. Lá pelas nove horas comia uma salada de morangos e mamão e mais uma barrinha de chocolate.
Essa era a dieta recomendada a ele por um médico especialista e que tinha diagnosticado sua tristeza permanente. Em poucas semanas as pessoas que o encontravam nas ruas diziam que ele estava de cara nova, alegre como pinto no lixo. Parece que ele ficou bom mesmo foi quando jogou na loteria e tirou a sorte grande.  
FZA (5/4/12)

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Wednesday, June 20, 2012

RAIMUNDO O PESCADOR CEGO - HISTORINHAS DAS QUARTAS


Um dos melhores pescadores da Ribeira parecia ter ficado inabilitado para sua profissão. Raimundo da Sá Joaninha era pescador de maré e de rio, mas tinha deixado o mar e agora só pescava no Rio, na altura da Boca do Acre. O problema com o Raimundo era que ele havia perdido os dois olhos, pois estes estouraram de uma só vez devido a glaucoma. Raimundo nunca tinha ouvido falar nessa doença. (...)  

Ele atribuía o desastre a uma mulher de branco que sempre lhe aparecia exigindo coisas. Quando ele deixou de dar o que a mulher pedia, ela lhe prometeu vingança e ele ficou cego com suas rezas solitárias. Raimundo conhecia o rio tão bem que, mesmo cego, dirigia sua canoa, fosse dia ou noite. Ele costumava levar encomendas para sitiantes rio acima em troca de alguns trocados e também pescava bagres e cangatis para vender e levar para casa. Raimundo reconhecia o leito do rio e as barrancas pelo cheiro das folhas dos marmeleiros e dos cajueiros das margens. Os perigos do rio ele os reconhecia pelos pulos dos bagres e cangatis. Em um fim de semana prolongado Seu Vilmar pediu ao Raimundo que levasse os meninos, amigos de Tiãozinho seu filho, para o sitio que fica bem antes da Boca do Acre, lá pela Volta. O problema é que quando os seis meninos estavam prontos para pegar a canoa já era mais de seis horas, mas mesmo assim tiveram coragem, pois o barqueiro era conhecido por subir o rio no escuro e nunca se perdia ou, até agora, tivera um acidente. Lá pelas tantas, Raimundo sentiu que os meninos estavam inquietos, talvez mesmo com medo. Será que a mulher de branco procurava meter medo nele e nas crianças? O mais inquieto era o Zequinha, menino de seis anos primo de Tiãozinho. Com um puxão causado por remada mais brusca do Raimundo Zequinha caiu no rio e não foi mais achado. Agora o Raimundo e só ele ouviu uma gargalhada que vinha da quinta de cajueiro que ficava logo adiante. No dia seguinte, mesmo com buscas até a Maré o corpo do menino não foi encontrado. O velho Raimundo foi preso, pois não tinha licença para comandar canoas sendo cego dos dois olhos. Em pouco tempo ele e sua mãe Sá Joaninha estavam passando mais necessidades que seus vizinhos do Alto. FZA (4/5/12)
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Sunday, June 17, 2012

MEMÓRIAS NO FORUM ROMANO - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 278


Cláudio sabia que estava chegando ao fim, mas mantinha inalterado o plano de escrever suas memórias. O problema era que só lhe vinha ao pensamento um único lugar onde  teria sossego para  escrever  suas reminiscências: Ele queria ir  para Roma, alugar um pequeno apartamento  perto  do Coliseu, na Via Capo d´África, e passar as tardes sentado nas ruínas do Forum Romano a beber um vinhozinho pondo suas memórias em  papel de arroz, com um lápis HB comprados na Papelaria Fabriano na Via Del Babuino. Ele nada deixaria escapar. Prometia a si mesmo.
TER (24/4/12)

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Sunday, June 10, 2012

MEIA-ENTRADA NO MUSEU - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 277


A bilheteira do Museu olhou fixamente para ele e pediu-lhe a identidade. Isso, depois de ele pedir uma meia-entrada. O velhinho caquético a quem ela atendera e fornecera uma meia-entrada poucos minutos antes ouviu o que a moça disse e, antes de se afastar mais diz:  - Olha menina ele é do meu bloco! Não dificulte a vida do homem.                                                          
FZA (28/3/12)

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Sunday, June 03, 2012

LUCKY STRIKE VERDE - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 276


À medida que Jorge se aproximava dos oitenta ele esquecia boa parte do que tinha se passado com ele.  Os amigos mais novos notavam que ele não mais lembrava nada sobre o Estado Novo ou sobre a Segunda Guerra Mundial. Mas, de alguns fatos miúdos ele recordava perfeitamente. É exemplo disso o jogo de bila com o primo Zezinho quando ele perdeu quase cem carteiras de cigarros. Entre essas estava algumas americanas como Camel, Chesterfield, Pall Mall, Old Gold,  Lucky Strike. Era de um exemplar dessa última que ele mais tinha saudades, pois, ao invés de vermelha era de um verde vivo; ninguém na Ribeira tinha uma igual. Hoje lágrimas lhe aparecem nos olhos quando ele lembra essa carteira.
FZA (27/3/12)

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