Tuesday, August 31, 2010

AFORISMOS, APOTEGMAS, MÁXIMAS


"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei.

No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei.

No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei.

No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar..."

Martin Niemöller (1892 - 1984)

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Sunday, August 29, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 186


ONCINHAS A VALER


- Qual é o seu candidato, camarada?

- Eu vou votar no Dr. Chiquim!

- Ele é bom mesmo?

- Por que você pergunta Ricardo?

- É que a gente sempre quer saber se o nosso candidato vai fazer alguma coisa pelo nosso país, pelo nosso estado, ou por nossa cidade, enfim pelo povo...

- Pelo país e por esses outros aí eu não sei, mas uma oncinha eu já tenho garantida.



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Saturday, August 28, 2010

A VIDA AVENTUROSA DE TROFIM VASEC EM DIVERSOS CAPÍTULOS – 13


A DÍVIDA ABATIDA DO SEU BENÍCIO

Enquanto boa parte dos homens de bem da Ribeira tinha seus escravos, muitos deles, como o Coronel Totonho e seu pai os tinham poucos. O que eles apreciavam, com relação a escravos, era comprá-los e vende-los, principalmente para o Recife e Rio de Janeiro. (...)


Essas operações envolviam uma série de providências, tais como registro dos negros na delegacia de polícia, conseguir passaporte para a viagem, autorização do juiz e algumas outras medidas. Era preciso também, para a viagem, contratar um cabra bom para tomar de conta da mercadoria. E se os escravos fossem muitos, como no caso de uma família, casal e filhos, dois ou três, isso tudo custava muito dinheiro. O que vale é que as transações eram financiadas pelos próprios compradores o que diminuía o pagamento de juros para o Banco da Capital. Os lucros eram enormes e, portanto, a atividade recompensava.

Quando Trofim Vasec chegou à Ribeira seu futuro sogro ainda negociava com essa mercadoria. Mas as peças estavam escasseando, pois os boatos sobre a emancipação dos negros chegavam de toda a parte, vindos principalmente da Capital e de Calaboca. O Coronel pediu a Trofim que fosse cobrar uma conta de um compadre seu lá pelos lados do Tabuleiro. O fazendeiro, se é que se podia dizer que ele ainda fosse um, não tinha mais nada que pudesse servir para abater sua dívida de cinco contos no Armazém. Ele talvez tivesse alguns escravos e o Coronel queria que o eslavo se apossasse desses em seu nome, pois certamente dariam um bom dinheiro.

Após viajar um dia inteiro no rumo do Iboassu Trofim e o caboclo Zé Maria chegaram a casa do Seu Benício, o dito fazendeiro que devia ao Coronel. Os dois foram recebidos com toda cortesia, mas com aparente desconfiança. Após se arrancharem e tomarem um café gordo Trofim e Seu Benício passam a conversar no alpendre que era o lugar mais fresco da casa. O eslavo diz que o Coronel Totonho está apreensivo sobre a conta que ele lhe deve e que, motivado por diversas pressões de seus credores ele precisa que o fazendeiro lhe pague pelo menos parte dela. Seu Benício diz:

- Seu Trofim eu num tenho mais nada... Tudo morreu e num tem nem mais uma cuia de farinha ou de feijão. Eu num sei como vou pagar essa conta pro Coronel.

Trofim retrucou então que talvez ele tivesse algum escravinho que pudesse dar para abater a dívida. Ele falou isso olhando para um preto que estava ali encostado com um dos pés na parede do lado de fora fumando um cigarro e olhando pra longe.

- Que tal o Seu Benício entregar esse negro aí e talvez alguns outro mais. Na certa teria um grande abate na conta. Se for de sua conveniência a gente conversa amanhã de manhã, com o raiar do sol.

No outro dia, Seu Benício argumentou que o Miguel, o preto que estava encostado na parede na noite anterior, tinha uma família: era ele, mais a mulher, a Isabel e mais dois pequenos, o José e a Natalina. Eles eram os últimos escravos que ele possuía e seria uma injustiça que todos fossem embora, vendidos para o Rio de Janeiro ou Recife. Trofim disse-lhe então que mandasse buscar os escravos para que se fizesse uma avaliação. Quando chegaram todos o eslavo levantou-se e foi examiná-los. Olhou de cima a baixo e ordenou-lhes abrissem as bocas para um exame dos dentes. Mexeu nas crianças e na mulher botou olhares concupiscentes que a pobre Isabel logo entendeu. Após o exame sob o olhar atento do Zé Maria, Trofim diz:

- Seu Benício a família toda vale quinhentos mil réis. Isso dá pra abater os juros do ano. Acho bom o senhor concordar com a entrega deles agora, pois se demorar mais o que vai acontecer é que chega o fim do ano e sua dívida é capaz de dobrar.

O velho Benício, que estava de cabeça abaixada, tenta argumentar, mas Trofim está irredutível e não modifica as condições impostas ao velho fazendeiro. Para encerrar a conversa o eslavo puxa do bolso a nota já assinada pelo Coronel Totonho e na qual ele só precisou encher o espaço com os preços dos quatro escravos em milréis:

Miguel 170
Isabel 150
José 90
Natalina 90

Quando Seu Benício viu aqueles valores reclamou logo:

- Seu Trofim o Miguel num vale só isso! Ele é novo, forte e muito trabalhador; ele vale pelo menos 300 milréis. A Isabel é uma cozinheira de mão cheia, ela sabe cozinhar de um tudo; ela vale na certa, 200 milréis. O preço dos meninos pode ta certo, mas logo eles vão crescer e poder trabalhar...

- Seu Benício eu não tenho ordens de aumentar o preço desses negros. O Coronel Totonho vai gastar muito dinheiro para mandar eles pro Rio de Janeiro. Tem que dar comida, remédio se precisar, e mais as despesas com passaportes e passagens de navio. Além do mais vai ter um policial que vai levar eles até lá e ele cobra caro. Não tem jeito o senhor tem que aceitar os quinhentos mil réis.

Não houve remédio. O Zé Maria logo amarrou as mãos dos quatro e passou a corda pelos seus pescoços para que nenhum deles fugisse. Tocaram então para a Ribeira aonde chegaram a boca da noite.


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Thursday, August 26, 2010

GRANJA - A AMIGA NOEME


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Wednesday, August 25, 2010

ALIENÍGENAS JÁ ESTÃO ENTRE NÓS


Cientististas búlgaros dizem que seres extra-terrestres já estão entre nós. A história foi publicada em Telegraph.co.uk

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GRANJA - ESSA É UMA BOA SUGESTÃO


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Tuesday, August 24, 2010

AFORISMOS, APOTEGMAS, MÁXIMAS

“Pretender que um indivíduo conserve tudo o que leu é como exigir que ele ainda traga dentro de si tudo o que já comeu. Ele viveu fisicamente do que comeu e intelectualmente do que leu, e graças a ambos tornou-se o que é.”


Arthur Schopenhauer, 1788 - 1860


A ilustração representa Hipatia de Alexandria

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Sunday, August 22, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 185


EU TENHO UMA RICA GALERIA

Ela tem uma predileção pelos Impressionistas. Gosta também dos grandes pintores do Barroco (Ela acha que Bach era rouco). Ela sempre diz para quem lhe pergunta que coleciona obras de arte em casa, principalmente, as de pintores dessas escolas. Se alguém lhe pergunta como adquiriu essas obras, ela afirma que baixa as imagens dos grandes museus de arte como o Metropolitan de Berlim, diretamente da Internet.

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Ilustração,
Cortona - Triunfo da Divina Providência
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Saturday, August 21, 2010

CONTOS DA RIBEIRA 41


O CORONEL E SEU SÓCIO

Os dois eram amigos de infância desde quando os pais tinham chegado de suas fazendas nos matos, fugindo das secas. Tinham 13 anos, liam e contavam um pouco, mas mesmo assim foram para a escola da Dona Rita praticar leitura e escrita; tirar contas eles aperfeiçoariam mesmo em casa, com seus pais. (...)


O pai de Toinho tinha um grande armazém no Mercado e o de Zequinha tinha uma bodega muito sortida no começo da Rua do Imperador. Os dois cresceram juntos e a amizade se fortaleceu ao longo dos anos. Quando chegaram aos 18 anos cada um deles recebeu dos pais um quartinho no Mercado mesmo, onde abriram negócios de compra e venda de gêneros, de cera e de peles. Eram concorrentes em um mercado limitado. Logo, logo eles viram que teriam de modificar seu comercio se quisessem sobreviver e progredir como era o sonho de ambos. Toinho, mais expedito, propôs sociedade ao amigo. A princípio Zequinha recusou, pois achava que seu negócio, ou melhor, os negócios de ambos iriam melhorar e eles sobreviveriam como comerciantes. Com algumas modificações acordadas entre eles, como a especialização do armazém de Toinho em artigos importados da Europa e com os quais Zequinha deixou de trabalhar, fizeram com que eles levassem os negócios ainda por muito tempo. No entanto, como mercado da Ribeira fosse formado por gente muita endinheirada do interior e desejosa de ter bens de primeira classe fornecidos por Toinho, ele teve maior sucesso que o amigo. Este como que patinava nos seus negócios, logo depois da seca, que havia sido uma boa fonte de renda para o amigo Toinho. O que é certo é que este cresceu muito conseguindo chegar a Tenente-Coronel, título comprado por 10 contos de réis, uma dinheirama. Enquanto isso Zequinha perdia o pé nos negócios e chegou à beira da falência. Em conversa com ele Toinho, agora (Tenente) Coronel da Guarda Nacional, propõe que fechasse seu negócio e os dois montassem uma sociedade. Após relutar bastante Zequinha finalmente concorda com a proposta do amigo e decidem firmar um contrato, pois que tudo passado no papel era bem melhor, mesmo se os futuros sócios fossem os melhores amigos. O que resultou dessa conversa foi o seguinte contrato firmado pelos dois e registrado no cartório do tio de Toinho, o Capitão Manoel Franco:


“(...) decidem formar uma Sociedade Comercial em compra e venda de mercadorias nesta Cidade sob a firma Antonio Coelho Miranda & Cia. cuja loja na Praça do Mercado será denominada ´Aguia de ouro´ e a qual durará por espaço de quatro anos, convindo a ambos, e no lucro anual, depois de deduzido um conto de reis para as despesas de comedorias feitas pelo sócio Antonio Coelho Miranda, se fará uma divisão em partes iguais sendo uma para este e outra para o sócio José de Brito de Souza. Não só o sócio Antonio Coelho Miranda, bem como o outro não poderão retirar o lucro da Sociedade para especulações particulares, sem que esta seja dissolvida e qualquer especulação que se faça com o dinheiro da Sociedade será em proveito desta. Para este fim entrou nesta data com a quantia de quatro contos quinhentos noventa e três mil duzentos e vinte reis o sócio capitalista Antonio Coelho Miranda que o sócio José de Brito de Souza (de indústria) recebeu e de acordo passaram a assinar o presente contrato. Ribeira, 1 de janeiro de 1879”.

A sociedade entre os dois amigos durou até Toinho descobrir que Zezinho estava desviando fundos da sociedade para a construção de sua casa.


Figura em: http://www.artcountrycanada.com/batemang.htm



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Friday, August 20, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 121


INÁCIO XAVIER FILHO, filho de Elisa Barreto Xavier e Ignácio Xavier, nasceu em 1921 e faleceu em 1999. Escreveu poesia e lia grego e latim, com certa facilidade. Sua poesia está publicada na revista “Literatura Brasileira” (Shogun Editora E Arte Ltda.) como participante de concursos ou por sua própria iniciativa.

MODULAÇÕES


Como a abelha colhe o néctar das flores,
Eu colho a poesia dos amores...

Assim como a borboleta é vistosa,
Assim é admirada a minha musa.

Se aprecias o pássaro que canta,
Não negues aprovação ao poeta!

(Foto de Livio Soares de Medeiros (livios)


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Maioria dos brasileiros ainda não tem acesso à rede de esgoto, diz IBGE


Falta esgoto para a maioria dos brasileiros. Veja notícia de hoje.

Quando será que a Granja vai ter saneamento básico?

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Thursday, August 19, 2010

GRANJA - PANELAS NA PIRIQUARA (RIO COREAÚ)


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Wednesday, August 18, 2010

GRANJA - VEJA POR ONDE ANDA A CARNE QUE CONSUMIMOS


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Sunday, August 15, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 184


DOUTOR ANALFABETO


Ricardo foi alfabetizado no devido tempo, fez escola fundamental, secundária e entrou para uma faculdade. Fez até doutorado com algum brilhantismo. Até Currículo Lattes ele tinha mandado preencher. Mas, nada do que havia feito nos bancos das escolas serviu para alguma coisa, pois em sua atividade profissional ele nunca precisou ler e o que escreveu depois de formado não chegava a duas folhas de papel almaço.



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IGREJAS DESTRUIDAS


Se você se interessa pelo processo de destruição das igrejas coloniais brasileiras - de que é exemplo a Matriz de São José da Granja - veja a matéria publicada pela Folha de São Paulo hoje (15/8/2010). Visite também o blog de Eduardo Verderame autor do livro (ilustrado) Histórias de Igrejas Destruídas (Editora Hedra)


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A VIDA AVENTUROSA DE TROFIM VASEC EM DIVERSOS CAPÍTULOS – 12


EXPORTANDO CERA DE CARNAÚBA PARA A RÚSSIA

Já fazia muito tempo que Trofim Vasec tinha aportado na Ribeira, depois de ter saído de sua terra e de ter peregrinado pelos sertões. Logo após sua chegada o eslavo casou com a herdeira do Coronel Totonho, talvez o homem mais rico e importante da cidade. Sogro e genro davam-se muito bem e faziam progresso juntos nos negócios. Muitos dos projetos iniciados pelo sogro ele os passava para Trofim, para que o eslavo os desenvolvesse. Entre esses estavam os negócios com cera de carnaúba. (...)



O Coronel Totonho já ganhava muito dinheiro com a compra e exportação desse produto que passou de uma simples matéria prima usada na confecção local de velas para um produto muito requisitado em mercados europeus. O Coronel imaginou que através de Trofim ele pudesse atingir os mercados da “mãe Rússia”, pois ele acreditava ser essa a pátria de seu genro.

Conversa vai, conversa vem e sem se incomodar com o detalhe de sua pátria, logo Trofim se dedicou a procurar e descobriu os endereços de algumas firmas em São Petersburgo nas quais antigos amigos seus trabalhavam. Ele, então os consultou sobre seu interesse em importar a cera produzida na Ribeira pelas fábricas do Coronel. Ele bem sabia que o Coronel não tinha fábrica nenhuma, ele era somente comprador e exportador do produto. É bom que se diga que ele era o maior comprador de cera de carnaúba de toda a região norte da Província.

Uma das firmas russas que se interessaram pela compra da cera de carnaúba da Ribeira foi “Underbog-Rade” que, após negociações rápidas se prontificou a comprar 1.000 toneladas a um preço bem superior ao que o Coronel havia contratado em Liverpool no ano anterior. Fechado o negócio os russos depositaram no Banco do Império, filial de Nova York, um adiantamento de 10% da compra total. Os embarques começaram em setembro com a primeira remessa de 100 toneladas em um navio (Dunstan) da companhia Singlehurst & Cross Line saindo do porto de Camocim.

Logo após o primeiro embarque o eslavo viu que não podia entregar essa grande quantidade de cera, pois simplesmente eles não tinham onde compra-la. Além da produção no ano não ter sido boa, havia muitos outros compradores competindo pelo produto na região. Trofim trouxe, então, ao Coronel Totonho um plano ousado para resolver a situação crítica de não ter como entregar um produto já vendido.

Em conversa com o Fransquim do Seu Chermont o eslavo soube da existência de um material, um mineral muito pesado e que se unia à cera de carnaúba derretida. Fransquim sabia tudo sobre o tal mineral, inclusive que a Grande Cerâmica, como o nome indica a grande fábrica de telhas e tijolos, de propriedade do Coronel Leonardo, o utilizava na confecção de telhas e tijolos. O produto era conhecido como caulim e podia ser adquirido no Pará a preços bem accessíveis, não chegando a 5% do preço da cera de carnaúba.

Após alguns rodeios Trofim põe o Coronel Totonho a par do plano que ele e mais o Fransquim do Seu Chermont e Talzinho, o filho do Dr. Tal haviam bolado para que os prejuízos dele e do Coronel não fossem tão grandes como estava parecendo. Certamente eles não conseguiriam comprar toda a cera vendida aos russos e teriam de reembolsá-los com dinheiro vivo. Trofim não teve muita dificuldade em convencer o Coronel da viabilidade do plano. Aliás, seu sogro sugeriu uma pequena mudança nos planos. Ao saber da pretensão de comprar o caulim no Pará ele foi contra, pois afirmou que o mineral em pó deveria ser extraído de minas situadas a poucos quilômetros da Ribeira, bem no caminho da Angica. A mina ficava nas terras de um compadre do Coronel e seria muito fácil trazer o produto de lá. E ficaria bem mais barato.

O caulim começou a ser estocado na Fábrica de Cera do Zé Antônio onde se derretia o pó do Coronel e de Trofim. Este, auxiliado pelo Fransquim, instruiu o Zé Antônio como deveria fazer para seguir com o plano. Para cada 10 quilos de cera gorda derretida no tacho ele deveria juntar 1 quilo do pó de caulim. Depois era só esperar para quebrar a cera e ensacar nos sacos de estopa para 90 quilos, novinhos e já com a marca do Coronel estampada.

Ao fim de alguns dias de trabalho - dia e noite - o Zé Antônio tinha preparado 1.000 sacas de cera (com caulim) prontas para serem levados no trem e em canoas para Camocim e de lá seguir para a Europa. Logo após esse primeiro embarque, feito no navio da Singlehurst & Cross Line, o Zé Antônio começou a preparar outra partida com as mesmas especificações. Para falar a verdade o Zé Antônio preparou e foram enviadas mais 400 toneladas da cera preparada por ele.

Pelo começo de janeiro aportou na Ribeira um senhor vestindo linho branco e portando um chapéu Panamá a procura do Coronel Totonho e de seu sócio. O cavalheiro, que se chamava Herr Bronsk, foi recebido pelos dois no próprio casarão. E, sem muita conversa, puxou um documento, nada mais nada menos do que uma folha com o timbre do laboratório oficial de análises do Departamento de Importação do Império Russo, de São Petersburgo. O documento mostrava que o produto enviado pelos dois para a firma “Underbog-Rade”, supostamente 500 toneladas de cera de carnaúba continha em média 10% de caulim. O que eles tinham a dizer, perguntou aos dois.

O Narcizo, gerente do Armazém do Coronel, que não sabia nada sobre o “negócio russo”, observava de longe os três conversando. Após umas duas horas de negociações Herr Bronsk despede-se do Coronel e de Trofim e vai para a Estação tomar o trem para Camocim onde, disse ele, embarcaria para a Europa no Dunstan.

Ainda hoje na Ribeira não se sabe nada sobre essa entrevista, mas é certo que os carregamentos de caulim da Angica cessaram.



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Friday, August 13, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 120


INÁCIO XAVIER FILHO, filho de Elisa Barreto Xavier e Ignácio Xavier, nasceu em 1921 e faleceu em 1999. Escreveu poesia e lia grego e latim, com certa facilidade. Sua poesia está publicada na revista “Literatura Brasileira” (Shogun Editora E Arte Ltda.) como participante de concursos ou por sua própria iniciativa.


NATUREZA QUASE MORTA


Verga de loendro o folhoso galho,

Sob o peso do matinal orvalho.

Os róseos botões carnudos, em penca,

Rorejam da chuva ou assaz ou pouca;

Que adensa, umedece e esfria o ar ambiente,

Onde o dia não se fez de repente...

O espírito anda vago, em calmaria;

Ouve-se um bem-te-vi, qual procelária...

E desejamos de um sol a viveza,

Que nos arranque dessa vã tristeza!


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Thursday, August 12, 2010

GRANJA - EXPOSIÇÃO DE REDES NO MERCADO


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Wednesday, August 11, 2010

GRANJA - ELE FOI EMBORA


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Tuesday, August 10, 2010

Chinês em triciclo superlotado

O fotógrafo Aly Song flagrou triciclo superlotado em rua de Xangai.

veja no G1

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Sunday, August 08, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 183


A ÁGUIA BRANCA

A enorme águia gira, no alto, bem acima da pracinha. Será que estava procurando alguma coisa? Subitamente ela embica com seus braços bem abertos para baixo com uma grande velocidade. Algumas poucas pessoas lá embaixo notam a descida. Notam também, com a aproximação, que a figura está envolta em um véu branco, flutuante. O vulto mergulha e apanha em suas mãos a pequena vítima atingida pela bala disparada contra a moto. Ella, a contragosto, não pode dar-lhe nenhuma chance. Como havia imaginado.

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CONTOS DA RIBEIRA 40


ELA ENTROU NO QUARTO

Após um dia cansativo de trabalho ele vai até a Repartição só para se chatear. É lá que a outra trabalha, lá na beira do Rio. Bate à porta do escritório e espera pelo “entre!” Quando empurra a porta ela está sentada atrás da mesa e sorri para ele. (...)



O sorriso não é bom sinal ele já sabe disso. Conversam um pouco e nada de definitivo surge. Ele sai aborrecido como sempre. Felizmente não houve dessa vez nenhum coice como das muitas vezes em que se encontraram. Parece que esse era um caso difícil de resolver. Ele tinha certeza que a menina gostava dele, mas não se permitia admitir. Ele insistia. Mas nada. Sempre que ia à Cidade lhe trazia presentes: chocolates, joias, roupas, o diabo a quatro. Nada. Ele estava cansando, mas continuava a gostar dela. Nesse dito dia chegou em casa antes dela, a outra, e deitou-se. Queria dormir antes que ela chegasse. Daí a pouco ela entrou no quarto e o viu deitado sobre a cama, dormindo. Não estava dormindo, mas fazia que estava mantendo os olhos fechados e sabia que ela havia entrado no quarto. Ao lado da cama, de pé, ela tirou o vestido puxando-o pela cabeça. Ficou somente com o essencial. Ele a via e apesar do fingimento ela sabia disso. Deitou-se a seu lado virando-se ligeiramente e deu-lhe um leve beijo nos lábios. Ele abriu os olhos e sorriu. Ela disse: – Vou tomar banho, me molhar e lavar os dentes volto já. Voltou depois de ter vestido a parte superior do baby-doll. Daí a pouco estavam os dois rolando na cama larga, por bastante tempo. Após gemidos, murmúrios e gritos os dois, cansados pararam com o jogo e tentaram dormir, pois amanhã tem muito trabalho. Ela apaga a luz e diz: – Dorme benzinho. Boa noite viu? Ele responde e, no escuro, fecha os olhos e tenta dormir. Ele sabe que não conseguirá, mas tenta e fica tentando e invadido por cruéis pensamentos, revê toda a noite que tinham tido agora mesmo, nos mínimos detalhes e sempre vê o corpo e o rosto da outra, aquela que lhe tinha jogado coices inúmeras vezes.




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Friday, August 06, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 119


INÁCIO XAVIER FILHO, filho de Elisa Barreto Xavier e Ignácio Xavier, nasceu em 1921 e faleceu em 1999. Escreveu poesia e lia grego e latim, com certa facilidade. Sua poesia está publicada na revista “Literatura Brasileira” (Shogun Editora E Arte Ltda.) como participante de concursos ou por sua própria iniciativa.


REDONDILHA


Nem todo galho dá ninho,

Nem todo verde é festão,

Nem todo sonho sonho é carinho,

Nem todo verso é centão...


Quem empresta a moça, ou fia,

Se a coisa não volta à via,

Algum pudor desafia,

É namoro, já se avia...


Nem toda donzela é dama,

Nem toda dama de cor,

Nem se chama de mucama

Nem todo amor sem rancor...


(A ilustração é o quadro “A Esposa do Artista”, de Egon Schiele)

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Thursday, August 05, 2010

GRANJA - MONÓLITOS NA VOLTA DAREIA


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Wednesday, August 04, 2010

GRANJA - HORA DO LANCHE


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Monday, August 02, 2010

ESCULTURAS EM LÁPIS




Dalton Ghettie, artista brasileiro radicado nos Estados Unidos, tem uma maneira especial de expressar sua arte. Veja o resultado de seu trabalho no site do g1 (Esculturas em lápis)
e veja uma amostra na montagem acima.



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Sunday, August 01, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 182


DUAS AMIGAS

Elas moravam longe do centro e eram amigas há muitos anos. Toda a vizinhança achava o comportamento das duas meio estranho. Silene, chegada do interior durante a grande seca, tinha por hábito criar calangos, como quem cria gatos ou cachorros. Ela os alimentava diariamente com um mingau de farinha d´água preparado especialmente, não era sobra nenhuma. Ela dava nomes aos bichos que ainda não atendiam quando chamados, mas Silene tinha esperanças de isso acontecer. Enquanto não acontecia sua amiga Carminha escrevia e enviava cartas aos bichos. Ninguém sabia o que ela escrevia. Era segredo. Ela talvez estivesse tentando prevenir os bichinhos sobre alguma coisa ruim que pudesse lhes acontecer.

Imagem de http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSP6BBzOQClgnMAET5ckrHsMWKRjDs8jczik2G79NrUmaiE9w4&t=1&usg=__ZiIs_9pS3XoREKsd79-OPAQsBLc=

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A VIDA AVENTUROSA DE TROFIM VASEC EM DIVERSOS CAPÍTULOS – 11


MAIS UM SHOPING NA RIBEIRA


As eleições para Prefeito estavam chegando e Talzinho, estimulado pelo velho cacique Ildemar, pretendia concorrer. Ele achava ter todos os pré-requisitos para ser um bom prefeito. O problema com ele é que não tinha dinheiro para gastar na compra de votos. Era assim mesmo, todos sabiam que o dinheiro para distribuição entre os eleitores chegava a somas enormes. (...)



Milhares de oncinhas e peixinhos distribuídos pelos cabos eleitorais na cidade e no interior. Talzinho só tinha uma maneira de conseguir essa dinheirama toda. Ele tinha de pedir emprestado a alguém de posse. O velho Dr. Tal aconselhou ao filho procurar Trofim Vasec, um dos homens mais ricos da Ribeira, para ser o financiador de sua campanha. Dito e feito. Talzinho conseguiu que o velho eslavo e seu filho Juca financiassem a campanha que estava às portas.

Nunca na história desta cidade houve uma campanha eleitoral tão rica. O candidato da oposição levou uma surra de votos e quase escapa de uma surra de verdade. Isto porque havia falado estar Talzinho sendo financiado pelo Coronel Totonho e seu genro, o que era só meia verdade, mas mesmo assim ninguém queria que o povo soubesse.

O que é certo é que Talzinho foi eleito com uma pequena maioria, mas foi eleito e empossado. Logo depois de sua posse ele começou a embolsar as verbas que chegavam dos governos federal e estadual para serem empregadas no Hospital, no Colégio e no Mercado e também em estradas e na Ponte de Ferro que estava para cair. Talzinho não fazia nada disso e, ao contrário, punha o dinheiro em aplicações no Banco em nome de seu laranja principal.

Pagar a dívida eleitoral a Trofim Vasec Talzinho não pagava. Mas prometia um bom emprego para Juca, talvez o de Secretário de Saúde, ele que era um advogado ainda no começo de sua carreira.

Esta atitude de Talzinho mudou quando apareceu um negócio que, certamente, daria muitos lucros a seu laranja e a ele, principalmente. O casarão vizinho à casa do Coronel Totonho ficou desocupado e, apesar de não estar exposto à venda, o laranja de Talzinho logo se pôs a assediar seus proprietários no sentido de lhe venderam o imóvel. Dito e feito. Agora somente o genro poderia convencer o Coronel que qualquer coisa que Talzinho e seu laranja fizessem no terreno não afetaria a estética nem a estrutura do seu casarão. Eles pretendiam fazer um shopping moderno, pois o comércio da cidade estava bem desenvolvido, etc., etc. e comportaria mais um desses complexos. O velho Dr. Tal foi quem primeiro procurou Trofim que, como representante do sogro na cidade, tinha bastante poderes para aquiescer à proposta. Além do mais, como Talzinho devia uma enorme soma ao eslavo, tudo poderia ser resolvido a contento. Após muita conversa este concorda com o negócio desde que Talzinho lhe pague a dívida com 40% de ágio. Negócio fechado, papel passado, as obras já começaram. A Ribeira vai ter mais um complexo comercial fazendo parte da grande cadeia de shoppings pertencentes ao laranja.




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