Sunday, May 30, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 173


HORÁRIO INCOVENIENTE

Ricardinho acordou estremunhado pela terceira vez na noite quente. Após passar a mão sobre os olhos foi ao banheiro onde se lavou por inteiro. Pôs um short e camiseta e vestiu seus tênis. Desceu então até a garagem para pegar o carro. Pretendia sair para caminhar na praia. Só aí foi que ele descobriu o inconveniente em que iria se meter. Ao olhar para o relógio do carro viu que era uma hora da manhã.


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Saturday, May 29, 2010

A VIDA AVENTUROSA DE TROFIM VASEC EM DIVERSOS CAPÍTULOS – 7


OS FILHOS DE TROFIM VASEC E DO DR. TAL


Os negócios de Trofim Vasec na Ribeira iam muito bem, principalmente depois que o Coronel Totonho e sua família foram embora para a Capital. O Velho, como o genro o chamava, foi assumir a cadeira de Deputado na Assembléia e tratar de negócios financeiros no Banco do Estado do qual era quase dono. (...)


A princípio, Trofim e Aline ficaram ressabiados, mas conformaram-se com a situação, pois passaram a gerenciar os poucos negócios que o Coronel havia deixado na Ribeira e que de alguma forma lhes eram lucrativos. Eram principalmente negócios de sal dos quais o Narcizo já não cuidava direito; ele tinha deixado roubar pra mais de trinta toneladas de sal lá na Amarração e o Coronel não se conformava. Os negócios que Aline tocava mesmo, lembrar que Trofim tinha seu negócio no Mercado, eram os imobiliários. Eram dezenas de prédios que, alugados, rendiam um grande dinheiro. O Coronel exigia contas bem feitas e prestadas todos os meses. Havia aquele povinho que não gostava de pagar os alugueis e era preciso agir com energia, por exemplo, tomando a força mercadorias dos recalcitrantes. No final tudo se resolvia e o casal embolsava uma boa porcentagem da receita.

Juca Vasec, como é sabido, voltou para a Ribeira logo que se formou em Direito. Voltou para exercer a profissão como todos da família e da cidade esperavam que acontecesse. Não havia bons advogados na cidade e um doutor novo, filho da própria cidade e descendente da nobreza euro-asiática era de se esperar que começasse logo com uma boa banca. Seu pai montou um moderno escritório em uma das casas da Vila que havia recentemente construído na Rua da Independência. Juca iniciou sua prática legal, mas em pouco tempo descobriu que essa não seria sua profissão. Ele preferia a fazenda que seu pai tinha nas redondezas e onde passou a criar gado e cavalos. O gado era de leite, da raça Holandesa preta e branca e os cavalos eram puros mangalargas. Pouco a pouco ele foi deixando de comparecer ao escritório para decepção de seus pais e de todos da Ribeira. Além da fazenda ele passou também a freqüentar o Armazém de seu pai e logo estava assumindo uma posição de destaque na firma.

Passaram-se alguns anos até que seu velho amigo e companheiro de Rio de Janeiro, o Talzinho, voltasse para a Ribeira para fazer não se sabe o que. Ele não tinha aprendido coisa alguma no Sul, a não ser jogar no Cassino da Urca e outras atividades bem menos dignas, apesar de supostamente ter-se diplomado em Medicina. Diziam que ele teria sido o gerente de um dos primeiros motéis a serem instalados na antiga Capital Federal. Se isso era certo não há como provar. Seu pai, o Dr. Tal, procurou o amigo Trofim Vasec e conseguiu que o eslavo financiasse um consultório muito bem montado para Talzinho. Ele era a esperança da cidade em termos de medicina. Talvez com ele, pensavam todos, os índices de mortalidade infantil agora fossem drasticamente reduzidos e o novo índice de desenvolvimento urbano mudasse de lugar na enorme lista dos municípios da Província.

Até parece que os dois amigos haviam combinado o desenrolar de seus destinos: Talzinho logo abandonou a clínica e como sua experiência anterior estava no ramo dos cassinos e casas de tolerância ele resolveu montar um cabaré a que deu o nome de Matel, pois se situava a uns bons cinco quilômetros da cidade na estrada que vai dar no Pará. Esse empreendimento do médico – seria mesmo médico, pois ninguém nunca viu seu diploma – foi verdadeiro sucesso. Toda a rapaziada e, lógico toda a moçada, elogiava muito as instalações bem modernas. Imaginem que havia piscinas e camas giratórias. Talzinho em breve estava rico.

Quanto a Juca este não lhe ficou atrás. Seus cavalos eram cada dia mais solicitados pelos grandes milionários da capital que os adquiriam para as grandes competições no recém criado Hipódromo que, sem nenhum exagero, correspondia em medidas ao de Constantinopla. Suas vacas holandesas davam leite que era processado na própria Várzea; ele produzia muito queijo e manteiga, pois a venda de leite na cidade era mínima, ninguém tomava leite na pequena cidade e assim as sobras eram grandes. Juca montou a Fabrica de Laticínios do Oriente que passou a ser uma verdadeira mina de ouro.

Juca e Talzinho sempre se reuniam para rodadas de pôquer acompanhadas de uísque “Black and White”, preferido de ambos desde os tempos do Rio de Janeiro. Eram companheiros alguns amigos do tempo do Colégio e que, ao contrário deles não tinham tido muito sucesso financeiro, mas tinham o suficiente para perder no jogo, principalmente para Talzinho que era quase um profissional.

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Friday, May 28, 2010

“Ignácio Xavier & Cia”


Leiam o que Agenor Beviláqua publicou em seu blog “o mundo que eu vi” sobre o livro “Ignácio Xavier & Cia” de autoria de José Xavier Filho:

Tuesday, May 25, 2010

“Ignácio Xavier & Cia”

Com dedicatória a mim feita pelo autor, datada de 15 de setembro de 2008, chegou às minhas mãos o livro “Ignácio Xavier e Cia”, editado pelo “Instituto José Xavier”, uma das varias publicações na série Cadernos deste Instituto.
Na Ocasião, eu já possuía todos os livros editados pelo Instituto e dava o devido valor ao esforço de José Xavier Filho para dar uma identidade cultural a nossa amada Granja de onde sai em 1946, sem nunca esquecê-la.
Tinha eu agora em meu poder um respeitável livro de 329 páginas relatando a Saga dos Xavier, merecedora de ser conhecida não somente pelos granjenses, mas por todos que conheceram o mais ilustre dos seus filhos, Lívio Xavier. Passei a ter o que mostrar, de onde saíra o sábio intelectual de Granja, que viveu praticamente os seus avançados anos de existência num pequeno apartamento à Rua Xavier de Toledo, na capital de São Paulo, solitário, mas cercado de livros que eram a sua família.
Com o livro “Ignácio Xavier & Cia”, os granjenses tinham agora a possibilidade de visualizar como vinha sendo a velha Granja e também o pedacinho de chão no município, a Malhadinha, que era também a terrinha do meu avô Joaquim Francisco de Sousa, que falava muito bem de seu parente Ignácio Xavier, segundo ele um homem bom em todos os sentidos.
Graças à evocação de grande parte dos granjenses, que viveram nos tempos de Ignácio, sua família e seus amigos, é possível arrancar a nossa velha cidade do esquecimento tão natural em todos os lugares que não têm um José Xavier Filho para cometer a proeza de fazer ressurgir do passado pessoas e acontecimentos aparentemente desconhecidos para sempre.
À página 151 do livro está dito : “Eram da casa também a Rosa Vaqueiro, ama de leite (de JXF) e todas as demais “Vaqueiro”, serviçais da casa durante todas as suas vidas e que tinham vindo da Palma. Não eram escravas, mas guardavam quase todas uma relação de subserviência fortíssima”.
Dalva Vaqueiro, uma dessas serviçais, era comadre da minha mãe. Não sei mais quem era o afilhado. Ela sempre estava lá por casa e era pessoa muito estimada. Muitos dos que vivem atualmente na Granja encontrarão neste livro uma coisa ou outra que lhes tocará de alguma maneira. Não é demais dizer que o livro não é apenas a Saga dos Xavier. É também de algum modo a Saga da Granja.
Para o Instituto José Xavier, o mais avançado empreendimento cultural existente em Granja até hoje, auguro um crescente êxito em suas atividades. Faz-me feliz saber que um filho de minha cidade vai levando a bom termo esse trabalho.
Posted by agenor bevilaqua in 00:43:07 | Permalink | No Comments »





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POEMAS BARRETO/XAVIER 115


RAIMUNDO MAURO OLIVEIRA FILHO, Maurinho (1949 -1980), filho de Raimundo Mauro e Leilah Oliveira, representa a quarta geração dos poetas Xavier/Barreto no blog.

CONSTÂNCIA DE MEDITAÇÃO

Ficou apenas
O vestido perdido na amplidão da madrugada,
Deixando um aroma
Cor-de-sal também perdido
Junto a mim.
E eu
Mesmo me perdi
Na constância dessa mesma madrugada.

Foi só o vento…


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Wednesday, May 26, 2010

GRANJA - EU TAMBÉM DESISTO


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Tuesday, May 25, 2010

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 130


AS BESTEIRAS DOS MENINOS

- Mãe tu te incomoda com tudo! Deixa isso pra lá!
- Num vou deixar de me incomodar com essas coisas nunca.
- É muita bobagem você dar importância a essas besteiras que os meninos conversam.
- Pode até ser bobagem, mas eu sou assim mesmo, você sabe mais do que ninguém.

A Velha sempre duvidava que isso pudesse acontecer algum dia, isto é, ela se acostumar com as reprimendas de seus filhos. Talvez fosse melhor dizer com o que eles não diziam, mas insinuavam.

Ela morava numa rua movimentada, perto da Praça, e dizia que não se mudaria, pois as pessoas paravam lá nem que fosse só para fazer xixi. Se ela fosse morar longe, mesmo numa casa grande, ninguém iria lhe visitar. Nem pra fazer xixi. Nem mesmo seus filhos.

Aí sim ela deixaria de dar importância às besteiras que seus filhos diziam. Nem essas ela ouviria mais.

Veja a foto em http://arcadoconhecimento.blogspot.com/2009_11_01_archive.html


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Sunday, May 23, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 173


UM CAPUCCINO NO SHOPPING

Ricardo encontrou-se com Ella na rua, mais exatamente no Shopping quando tomava um capuccino. Ella logo procurou ouvir suas histórias, pois já fazia muito tempo desde que os dois haviam se encontrado.

- Você está bem, com uma cor bonita. O que é que você faz para manter essa saúde toda? Estou curiosa.

Aquela figura esquálida, vestida de branco lhe assustava, como sempre. Além do mais ele tendia a não lembrar os assuntos preferidos de suas conversas. Ricardo disse então que estava fazendo caminhadas e tinha também sessões semanais de “Pilates”. Não sentia nada de dores no peito. Não sabe mesmo porque disse que estava sentindo-se bem.

Ella mostrou um ar de decepção e logo verbalizou esse sentimento:

- Você está pensando que me engana, não é? Você, se não tem nenhuma mazela agora eu vou fazer tudo para que você apanhe a tal gripe de porco. Eu quero lhe despachar, logo, logo.

Ricardo tentou argumentar que precisava de tempo para terminar umas coisas que andava fazendo. Ella não lhe deu bola.



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Saturday, May 22, 2010

CONTOS DA RIBEIRA 34


EU SOU UM MANTO E MEU NOME É NEGRO


Em tempos idos quando o viajante chegava pela estrada da Várzea, logo após subir o morro agora chamado “da Brasília”, e olhar pros lados do norte ele via toda a Ribeira em seu esplendor ocupando a grande depressão caracteristicamente ponteada por grandes monólitos. (...)


É certo que ele a via debaixo de um manto diáfano de névoa branca no tempo do inverno chuvoso e de reverberações do enorme calor no alto verão seco. Era uma visão que lhe enchia de encanto e satisfação os olhos. À medida que caminhava em direção à cidade o manto se alevantava à sua passagem, primeiro de sobre as dezenas de casebres de taipa que ponteavam quase todo o espaço que vai da Pedra do Santo até as primeiras ruas que levam ao centro. Só depois é que o manto se despregava dos prédios mais altos como a Igreja, a Casa da Câmara, a Casa-grande, o Grupo e também a Ponte e a Pedra Grande até que o viajante se via encoberto por ele que parecia ser guardião da paz e da tranquilidade na pequena comunidade de típicos remanescentes indígenas. Ao chegar ao centro, no Mercado, ele era recebido por uma gente que, se não alegre, era pelo menos pacata e comunicativa. Era assim bem antes da terrível Guerra que destruiu a Europa e quase levou o País a também derramar seu sangue por lá. Apesar de muitos de seus filhos haverem dado suas vidas e terem deixado profundas saudades os modos de viver na Ribeira não se alteraram profundamente devido ao conflito. Vivia-se pacatamente: de casa para o trabalho e do trabalho para a casa, isto é, os que os tinham. Mesmo os que nunca tiveram nem casa nem trabalho, com seu espírito consolado desde os tempos em que foram dobrados viviam em paz consigo mesmo, viviam em paz com a comunidade. Não que isso fosse sinal de acarneiramento ou conformação, mas a tradição pacata da Ribeira não era quebrada facilmente. Entretanto a desídia de alguns vultos de suposta riqueza, importância e influência principiou, utilizando poderosos tentáculos de toda sorte, a envolver muitos pacatos cidadãos em processos de forte natureza corruptora. Foi assim que se multiplicaram os casos de furto, de roubo, desvio, pirataria, rapinagem, roubalheira, assaltos, usurpação, falsificação, contrabando, e mais uma enorme gama de atividades ardilosas. Todas elas patrocinadas por grupelhos sob a liderança e ordem de reconhecidos malfeitores do bem público.

Aqueles habitantes que davam as boas vindas ao viajante eram os que ainda se mantinham a distância desses movimentos e atividades que certamente levariam a cidade ao definhamento. Ele, necessariamente, seria posto a par da imensa variedade de crimes que se cometiam na cidade e sobre a origem dos quais todos sabiam de onde as diretrizes partiam. Assim é que entre esses relatos encontrava-se aquele que falava sobre o enorme contrabando que se processava quase que a vista de todos. Contrabando de automóveis vindos da América do Norte e que se fazia através de estradas e fazendas da Ribeira. A polícia, que nesse tempo chamavam meganha, chegou a fechar o cerco a uma casa à margem da estrada que vem do Lago Grande, mas não efetuou nenhuma prisão. O deputado Jorge Elias, de dentro da casa, aos gritos, convenceu o comandante da patrulha que tudo estava correto e que o automóvel novinho que eles estavam vendo estacionado embaixo da latada de galhos e folhas secas tinha todos os registros em ordem. Logo, logo o Sargento Alves foi embora com sua tropa e não se falou mais nisso. Mal sabe ele, ou melhor, bem sabe ele, que escondidos nos matos próximos estava um grande número de sedans Chevrolet modelo 1949, novinhos em folha e todos da mesma cor. Foi só a noite chegar novamente que os carros começaram a sair no rumo da Parnaíba e Terezina levados por motoristas contratados a peso de ouro. O número de carros contrabandeados chegava a 50 e todos eles eram de propriedade de um consórcio no qual o Velho e o Novo tinham as maiores participações e Jorge Elias era o “mão forte”. Não foi dessa vez que a riqueza do Novo passou a do Velho, mas ele ficou perto de ser o homem mais rico da Ribeira.

Outro caso que o viajante ouviu logo ao chegar foi aquele da exportação de cera de carnaúba derretida com caulim. A exportação da maior riqueza da cidade e do município, a cera de carnaúba, era feita por poucos comerciantes. Eles se contentavam com os lucros pequenos e sempre variáveis dadas as oscilações do mercado internacional. Uns dois ou três almejavam enriquecer no mais curto espaço de tempo. A esses estava aberta a via do descaminho, do contrabando e da falsificação. Os compradores de Liverpool logo descobriram a falcatrua e acionaram o Governo brasileiro que chegou a tomar providências que, como sempre, aberto um rigoroso inquérito, deram em nada. Nessa ocasião o Velho ainda lucrou mais do que o Novo.

A Biblioteca Pública da Ribeira era conhecida como um padrão em toda a região. Ela comportava pra mais de 3000 volumes compreendendo títulos os mais diversos, desde os clássicos portugueses e brasileiros, muita literatura francesa e inglesa, livros técnicos e muitos dedicados a aprendizagem escolar. Pois bem, ela também foi palco e é exemplo de fatos desabonadores, pois foi tomada de assalto pelas tropas do Velho, e literalmente destruída. Todos viram quando essas tropas entraram no antigo prédio que serviu de residência a um dos coronéis locais e carregaram não se conseguiu saber para onde, a maioria dos livros que serviam de lastro para o aprendizado, cultura e lazer de crianças e adultos. Desconfiam muitos que os livros foram vendidos para uma fábrica de papel higiênico de Caiçaras. Há informações de que cerca de 2000 volumes desapareceram assim, de um total de 3000, que era o antigo acervo da Biblioteca criada por Antônio Augusto.

Ao longo dos anos esses fatos e acontecimentos revoltantes foram sendo observados pela comunidade da Ribeira a qual não tomou providências enérgicas, como negar ao Velho e ao Novo os poderes autocráticos que eles paulatinamente foram acumulando e denunciar aos Poderes Públicos os fatos desabonadores e criminosos praticados pelos dois e seus comparsas. O que aconteceu então foi que o Velho e o Novo tomaram as rédeas da cidade e, daí em diante todos presenciaram horrorizados os desmandos cada vez mais frequentes e acentuados. As bridas que ao Novo coube agora comandar provocaram uma profunda transformação no espírito ordeiro e pacato da cidade.

O que ocorreu em seguida foi um exagerado aumento no número de postos de trabalho das repartições sob o rígido comando do Novo. Foi tão grande o número de pessoas admitidas para todos os tipos de funções, desde professores primários, secundários, de nível superior, gestores, almoxarifes, secretários e secretárias, motoristas, guardadores de uísque, cozinheiras e cozinheiros, servidores de café e de água, serventes, guardas, vigilantes, redatores, repórteres e jornalistas e mais toda uma gama adicional de funcionários que servem ou não a uma administração.

Foi por essa época que eu comecei a aparecer sobre a Ribeira. Fui chegando devagar e logo lancei alguns tentáculos, vou chamar assim uma espécie de pseudópode característica dos de minha raça. Essas extensões do meu corpo negro principiaram a cobrir as regiões de maior riqueza da Ribeira, pois era aí que moravam muitos dos corresponsáveis pelas misérias que se assentavam sobre a pobre cidade. Eu notei e o que também mais chamou a atenção de alguns poucos habitantes foi que o Novo, a partir de seu acesso às estruturas administrativas da cidade, passou a pagar os salários dos funcionários admitidos e dos já existentes na base de “50 a 50”. Isso significava que o funcionário recebia sem atraso e assinava a folha de pagamento, mas recebia no caixa, das mãos da companheira do Novo, somente a metade do que estipulava um contrato guardado a sete chaves. Com esse reforço de seu caixa o Novo começou a implantar o culto desenvolvido pelo pastor da igreja recém-fundada e da qual ele era o principal sacerdote. Essa era a Igreja Sincrética do Reino Superior conhecida como ISRS. O culto foi implantado em toda a cidade e também nos distritos do município e, como era muito simples, precisando somente de um prédio, geralmente doado por um coronel amigo, os custos eram mínimos. O lucro, no entanto era grande e era acrescentado aos enormes ganhos do próprio Novo. Na cidade, aí sim, foram construídos inúmeros prédios e convocados diversos jovens para ministrar os cultos semanais que passaram a competir com os da Igreja Católica. A cidade foi coberta literalmente por uma infinidade de símbolos que traziam as quatro letras representativas da nova igreja, ISRS; havia inscrições em tinta nos muros, desenhadas em pedras portuguesas nas calçadas, em enormes mastros em todas as esquinas de importância e nos trevos rodoviários que davam entrada na cidade. Esta foi tomada de um fervor pela nova religião que era só ver.

O Padre da cidade era parente do Velho e, a princípio, não se incomodou com essas iniciativas religiosas do Novo. Somente após alguns anos da implantação da nova seita foi que ele viu seu erro. Aí já era tarde. Por mais que ele se arrependesse de ter aceitado sua indicação intermediada pelo Velho e conseguida com muita artimanha junto ao Bispo já não havia jeito, ele era tido como participante do grupo. Ele lembra do jovem padre de má fama que o Velho conseguiu afastar para pô-lo em seu lugar. Essas coisas ninguém prova, mas o povo ingênuo acreditou que a centena de preservativos masculinos que o Velho mandou espalhar pela nave da Igreja, puseram até no altar-mor, era prova suficiente de que o padre era um devasso. Mas, o que se há de fazer? Ele foi mandado embora pras Alagoas e lá ficou.

A implantação das ações repressoras das atividades culturais foi um dos passos mais brilhantes que o Novo tomou. Ele tradicionalmente era avesso a leituras de qualquer espécie, como diziam pessoas do povo, ele só gostava de ler livros de cheques e outros livros lhe davam sono logo na primeira página. Nisso ele se parecia com seu chefe supremo. A justeza dessas observações não me compete averiguar. O que é certo é que, como continuação da destruição da Biblioteca Pública nos primórdios da ação do Velho houve um ataque cerrado a programas desenvolvidos por pessoas dedicadas à preservação dos valores culturais locais como as programações do Bumba-meu-boi, Pastorinhas, Leroá, Marujos e mais uma porção de outros. Nesta linha as iniciativas tomadas por artesãos locais para o estabelecimento de escolas onde se transmitissem conhecimentos de artes populares como o feitio dos mais diferentes tipos de rendas e bordados, carpintaria, cerâmica e outras foram também desestimuladas.

Por outro lado iniciativas que vistas por observadores ligeiros poderiam ser tomadas como de interesse da comunidade, nada mais eram do que a destruição, ainda, de valores tradicionais; assim eu me refiro à demolição de prédios antigos e utilização dos terrenos baratos para edificações destinadas a se obter lucro imediato. Centenas de anos de construção de uma arquitetura particular na Ribeira foram simplesmente jogados de lado, ou melhor, abaixo.

Não satisfeito com a completa dominação da cidade o Novo decidiu promover a criação de um ente feito à sua imagem. Ele se dedicou por muito tempo à criação do que passou a ser conhecido como o Mais Novo. O material utilizado foi um barro de má qualidade e que não queimava direito, mesmo no melhor forno como o do Edilson. De qualquer modo essa figura esquálida depois de completamente formada passou a ser treinada para substituir o Novo cujo tempo de validade estava chegando ao fim. O Mais Novo, no entanto, apesar das benesses patrocinadas por peixinhos e oncinhas, não demonstrou nenhuma aptidão para dar continuidade às atividades do seu criador. Este teve de desprezar sua criação e se valer de um grande número de asseclas que continuariam seus planos de tornar mais ainda escrava a população da Ribeira.

O que de pior aconteceu e eu pude constatar como observador privilegiado foi a completa dominação apaixonada pelo Novo do povo da Ribeira ao longo dos anos. As mentes das pessoas foram sugadas e substituídas por mentes totalmente deturpadas e que só respondiam a estímulos vindos da parte do Novo. Estes estímulos sempre envolviam favores que eram traduzidos em símbolos zoológicos. Nada mais se esperava da população, pois ela estava totalmente submissa aos desejos do novo Dillinger.

Logo após a desistência de levar o Mais Novo ao comando eu completei de negro a cobertura da cidade; ao lançar meus enormes pseudópodes as pessoas da pobre cidade não reagiam, pois imaginavam que isso pudesse ser uma proteção contra os poderes malignos do Novo. Ao descobrir que eu estava de certo modo obstaculizando seus planos de dominação integral das mentes e dos territórios em que se derramava a Ribeira ele resolveu se desfazer destes últimos, pois as mentes ele já as havia destruído. Em um grande leilão feito na Praça do Mercado foram postos em hasta pública e arrematados a maioria dos distritos do município que, a partir daí, se tornaram independentes, livres do poder maligno do Novo e de seus asseclas. Eles passaram a ser cobertos pelo manto diáfano de névoa branca antigo conhecido da Ribeira. Em contrapartida, eu fiquei a cobrir os poucos logradouros que sobraram do leilão: a Rua do Azevedo, a Praça da Matriz, a Praça do Mercado e umas poucas mais ao redor dessas.





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Friday, May 21, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 114


RAIMUNDO MAURO OLIVEIRA FILHO, Maurinho (1949 -1980), filho de Raimundo Mauro e Leilah Oliveira, representa a quarta geração dos poetas Xavier/Barreto no blog.

SONETO DO CANTAR TRISTE


O meu cantar vem de uma solidão
Que chega sem demora, e fica, e parte
Para voltar depois como a Amplidão
De um Sol quando se vai, já no poente.

Eu canto sempre alguma despedida
Também sozinha por alguma estrada,
Talvez mais longe, muito mais perdida
Que a solidão imersa de uma amada.

Eu canto ainda uma passagem breve
De uma mulher que, pela vida, suave
Chegou, brincou, calou depois chorando

Pediu perdão e foi-se com outro ausente.
E sem dizer mais nada, o meu semblante
Vendo-me triste me abraçou sorrindo.


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Thursday, May 20, 2010

Cientistas conseguem ativar célula usando genoma sintético

Imagem da cultura de células sintéticas, por microscópio eletrônico. Divulgação/Science

Pesquisadores criaram a primeira célula controlada por um genoma sintético.O trabalho é descrito na edição desta semana da revista Science e, segundo seus autores, poderá levar à produção de micro-organismos especialmente criados para desempenhar funções específicas, como secretar biocombustíveis, retirar poluentes da atmosfera ou produzir vacinas.

Veja detalhes em Science, no Estado de São Paulo, no G1 e no Yahoo Notícias.

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Wednesday, May 19, 2010

GRANJA - ESPANTANDO OS MAUS ESPÍRITOS


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Tuesday, May 18, 2010

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 129


UM TORPEDO PARA A RITINHA

Manoel e seus colegas da Escola de Pesca do Litoral Centro Oeste, conhecida como EPESCO, lá no Caboré, recebiam diariamente ensinamentos de técnicas modernas. Estas, supostamente, lhes permitiriam enfrentar os mares bravios em condições mais favoráveis do que aquelas que seus pais e avós índios encontravam para tirar seu sustento. Após algumas semanas de treinamentos em terra eles sabem que vão para o mar. Manoel toma seu celular e escreve um SMS para sua namorada, a Ritinha: “NOZ TA INDO PRO MAR NO IATE NOVO PRA BOTA NA PRATIK O QUIQUI NOZ APRENDEU NA CLASSE NAS TEORIA MERMO CUMA LASAMENTO TOMATICAMENTE DAS REIDE DE CASSOEIRA; NOZ VAI USAR TAMEM O GEPEESSE, O SATELITE... NA VORTA T CONTO.”



Veja figura em http://www.bodegacultural.com/2008/10/operao-marambaia.html

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Sunday, May 16, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 172


SANGUE DE RATO

As meninas dormiam na camarinha próxima à cozinha. Depois que apagavam a luz não se via nem um rastro de claridade apesar do teto ser de telha. Isso parecia se o paraíso dos ratos e morcegos. Certa noite a prima estava sem sono, mas com medo dos bichos cobriu-se com o lençol branco. Lá pelas tantas ela sentiu sobre seu busto uma pancada e, assustada, pegou o bicho, pois era um, pelo rabo e o jogou em cima da rede da irmã, que não deu tenência. No outro dia seu lençol estava manchado de sangue – não dela, pois isso não era mais possível -, mas de uma bruta ratazana.


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Saturday, May 15, 2010

A VIDA AVENTUROSA DE TROFIM VASEC EM DIVERSOS CAPÍTULOS – 6


JUCA VASEC, HERDEIRO DE TROFIM E DO CORONEL TOTONHO.


Até bem poucos anos depois do casamento a grande casa do Coronel Totonho ainda não era campo para estripulias de crianças. Três anos depois das bodas Aline e seu marido louro Trofim ainda não haviam dado os netos que o Coronel tanto desejava. (...)



Essa situação era o resultado do que, a princípio, só Trofim Vasec sabia: O eslavo era estéril, apesar de ser um verdadeiro garanhão. Ele não podia gerar filhos, mas o casal podia tê-los, pois podiam adotar quantas crianças quisessem ou pudessem. Para isso o Coronel, com toda certeza, contribuiria.

Aline, sabedora da deficiência de seu marido, logo contou a seus pais de quem esperava conselhos. Quando o Coronel e sua mulher souberam do problema que afligia sua filha confortaram-na e, depois de algumas dúvidas, decidiram dar uma solução caseira a ele. Acabava de casar com um caixeirinho do Armazém a filha da Edileusa, cozinheira de forno e fogão da Casa Grande. Daí a pouco a cunhãzinha apareceu com um buchinho e Dona Rocilda, pois este é o nome da mulher do Coronel, não precisou mais do que umas simples ameaçazinhas para convencer sua afilhada a dar o futuro rebento para Aline e Trofim. Foi assim que o Coronel e sua esposa tiveram seu primeiro netinho. O Juca logo estava a correr e brincar pela Casa Grande como se fosse o verdadeiro herdeiro do poderoso casal. E na verdade passou sê-lo.

Juca cresceu e foi para a melhor escola da Ribeira, aquela criada pelo Professor Dr. Antonio Augusto um bom homem de letras, católico, cumpridor de seus deveres, pai de muitos filhos e ótimo educador. A criança era muito apreciada por seu mestre, pois além de neto do seu poderoso amigo Coronel era o filho de um estrangeiro, louro e eslavo. O resultado dessa amizade foi um desvelo total do mestre para com o bruguelhinho. Mas o garoto era filho de Trofim Vasec o bodegueiro e homem das futricas e este tinha seus amigos entre as pessoas simples como o Zequinha de Dona Censa. À medida que crescia mais e mais o Juca se chegava aos filhos do Zequinha que o levavam a fazer todo tipo de traquinagem pela cidade. Os pixotes chegavam a passar o dia inteiro caçando passarinho e tomando banho no Rio, quando era tempo da cheia. Logo eles estavam todos enturmados com outras crianças que moravam em ruas mais distantes. Entre esses estava o filho do Dr. Tal, famoso advogado militante na Ribeira e nas cidades vizinhas, ao longo da Estrada. O Talzinho era um perigo. Era um menino vadio à beça. O Coronel não gostava da amizade de seu neto com o filho do advogado. Sempre falava que, tendo chorado na barriga da sua mãe, sabia que aquela proximidade não iria resultar em boa coisa.

Os meninos cresceram e seus pais os mandaram, isto é, no caso de Juca, quem mandou foi seu avô, estudar na Capital, para fazer os preparatórios no Lyceu. Na época em que eles foram o Dr. Antônio Augusto já tinha assumido a direção do colégio e facilitou a entrada dos meninos. No caso de Talzinho isso foi muito necessário, pois ele era refratário ao aprendizado, pelo menos das letras; ele gostava mesmo era dos números e das historinhas das Mil e Uma noites, principalmente a de Ali Baba e os 40 ladrões. Os dois garotos passaram poucos anos no Forte, somente até completar os preparatórios e daí foram mandados para o Rio de Janeiro, onde se matricularam Juca Vasec na Faculdade Nacional de Direito e Talzinho foi admitido na Faculdade de Medicina.

Os tempos passaram e Juca, tendo defendido uma bela tese de doutorado, voltou para a Ribeira para os braços da família e para começar a cuidar de sua dupla herança. Quanto a Talzinho este ficou por muitos anos no Rio de Janeiro onde, sem exercer a medicina, amealhou um bom dinheiro no Cassino da Urca.

Sobre figura: Casarão da fazenda em Alegria Minas Gerais. Http://Ravanelli.Arteblog.Com.Br/134866/Casarao-Da-Fazenda-Em-Alegria-Minas-Gerais/
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Friday, May 14, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 113


RAIMUNDO MAURO OLIVEIRA FILHO, Maurinho (1949 -1980), filho de Raimundo Mauro e Leilah Oliveira, representa a quarta geração dos poetas Xavier/Barreto no blog.

SONETO DAS HORAS TARDIAS

Vejo-te nua, os seios palpitando,
Os braços despedindo algum Adeus
E eu de longe sigo -, mas ficando
Olhando os olhos que não foram meus.

Tuas mãos molhadas pelas horas tardes
E os pés num caminhar constantemente
Atrás de alguém que não conte verdades,
Ou de outro alguém que amou profundamente.

Nem mais de ti no dia da chegada
Eu lembrarei assim, (Há quanto tempo...)
E não hei de ver-te cair no esquecimento;

Não foste uma mulher, foste a amada,
Com o rosto já passado que não vi,
Porque fiquei chorando o que perdi.

Mulher nua sentada em uma paisagem de A. Renoir


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Wednesday, May 12, 2010

GRANJA - CONVIVÊNCIA DIÁRIA


texto chamada

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País terá fábrica de roedor transgênico

O biólogo José Xavier Neto, chefe do Laboratório de Modificação do Genoma, em Campinas, exibe placa de cultura de células

Leia esta notícia saída hoje (12 de maio de 2010) na Folha de São Paulo


Laboratório em Campinas deve produzir linhagens de camundongos para distribuí-las a pesquisadores de todo o país

Iniciativa tem apoio do CNPq, mas é ameaçada por ação no STF contra modelo de gestão "privada" do instituto que a abrigará


CLAUDIO ANGELO ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS

Um serviço de "delivery" crucial para a ciência brasileira deve começar a funcionar no mês que vem em Campinas, interior paulista: uma fábrica de camundongos transgênicos.
Pela primeira vez, o país terá um centro de produção e distribuição de cobaias geneticamente alteradas para uso em pesquisas biomédicas.
Esses animais, cuja invenção rendeu o Prêmio Nobel de Medicina em 2007, são usados por biólogos num sem-número de aplicações: desde a identificação de genes que influenciam doenças humanas até o teste de possíveis novos remédios.
O Brasil, porém, está atrasado nessa tecnologia.
Que o diga a bióloga santista Ivy Aneas, 36. Ela trocou o Instituto do Coração, em São Paulo, pela Universidade de Chicago, EUA, pois sua área de estudos -a identificação, usando cobaias, de genes relacionados à hipertensão- era impossível de perseguir no Brasil.
"Como eu iria fazer no Brasil um projeto que depende de transgênicos?", questiona.
"A nova geração de pesquisadores já foi treinada nessa deficiência. A pesquisa nacional se resignou", afirma José Xavier Neto, ex-colega de Aneas no Incor. Ele será o coordenador do futuro Laboratório de Modificação do Genoma, nome provisório da nova instituição.
O novo centro ficará hospedado no LNBio (Laboratório Nacional de Biociências), que funciona no campus do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, mantido pelo MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) em Campinas.
O objetivo do projeto, orçado em R$ 2 milhões, é produzir linhagens transgênicas de camundongos de acordo com a demanda para todo o país.
Um cientista da Paraíba, por exemplo, que queira investigar os efeitos do desligamento de um determinado gene, poderá mandar para Campinas um pedaço de DNA capaz de "nocautear" o gene de interesse.
No novo laboratório, esse trecho de DNA recombinante será injetado em embriões de camundongo, que darão origem às linhagens geneticamente modificadas (os "nocautes").

Questão de escala

O conhecimento para produzir roedores nocautes já existe no Brasil. Vários animais do tipo são feitos "no varejo", em instituições como o Incor, a Unifesp e o Instituto de Biofísica do Rio de Janeiro.
"O que ainda não conseguimos fazer foi montar estruturas de produção regular desses animais", afirma Xavier Neto.
Há dois gargalos no momento para que isso aconteça: primeiro, é difícil encontrar animais saudáveis em quantidade no Brasil. A produção de um único nocaute envolve uma centena de embriões, gerados a partir de três ou quatro fêmeas.
Para atender à demanda da comunidade nacional, calcula Xavier, seria preciso executar quatro vezes isso por semana.
Depois, é necessário treinar técnicos e ter equipamentos como microscópios especiais e microinjetores (para injetar o DNA nas células).
Isso tudo torna a produção cara: US$ 2.000 por nocaute, em média, o que torna a produção em escala difícil fora de um laboratório nacional, que deverá fornecê-los de graça.

Entrave jurídico
"A estrutura que eles têm é fundamental para que outros grupos possam ter acesso a essa técnica", disse à Folha o presidente do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento), Carlos Aragão.
Tanto o CNPq quanto o MCT se dispuseram a financiar a iniciativa, que deve ter ainda recursos do Ministério da Saúde. Segundo Xavier, experimentos começam em junho mesmo sem o recurso, com equipamentos cedidos pelo Incor e pelo Instituto de Biofísica.
O destino do laboratório, porém, está nas mãos do Supremo Tribunal Federal.
A corte deve julgar brevemente a constitucionalidade do modelo de gestão do LNBio, o das organizações sociais -fundações privadas que gerenciam vários centros de ciência em convênio com o MCT.
Segundo Aragão, o CNPq considera que a gestão pelas organizações sociais facilita a aplicação da verba. Caso o Supremo julgue o modelo inconstitucional, diz, "teremos de ser criativos" e encontrar um novo modelo de gestão. "Mas continuaremos apoiando o LNBio."

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Tuesday, May 11, 2010

Indiano que "não come nem bebe nada"


Leia esta notícia dada hoje (11/5/2010) pela Folha de São Paulo e angências internacionais:


Um iogue octogenário que diz ter vivido mais de sete décadas sem beber ou comer tem causado espanto em cientistas da Índia.

Prahlad Jani, 83, passou duas semanas sob constante observação de 30 médicos e de câmeras de filmagem, em estudo que terminou na última quinta. No período, ele não ingeriu nada, não urinou nem defecou, segundo os observadores. "Continuamos sem saber como ele sobrevive. É um mistério", disse Sudhir Shah, neurologista.
Efe
O indiano Prahlad Jani, que diz não comer nem beber nada há décadas

"O único contato de Jani com líquidos foi para fazer gargarejos ou se lavar", disse G. Ilavazahagan, especialista em fisiologia. "Se ele não tira sua energia dos alimentos ou da água, deve tirá-la de outras fontes, e o sol é uma delas", ponderou Shah.

O estudo foi conduzido pelo Ministério da Defesa, que quer tirar de Jani lições sobre sobrevivência para militares e vítimas de tragédias naturais. Os resultados finais são prometidos para os próximos meses.

Em sua aldeia natal de Ambaji (norte), o iogue alega que foi abençoado por uma deusa quando tinha oito anos e que isso lhe permite viver sem alimentos.

Em 2003, segundo a BBC, ele já passara dez dias sob observação de uma equipe médica, também sem consumir nada, mas apresentando boa saúde mental e física.

Com agências internacionais

Se a notícia se espalha no Brasil, muitos faquires apareceriam para concorrer com o indiano Prahlad Jani, neste campeonato.


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HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 128


ESTE ERA UM POBREMA GRANDE


O Chico Continho – era assim que Francisco Coutinho gostava de ser chamado – trabalhava como faxineiro do shope. Ele era conhecido por suas tiradas supostamente engraçadas e sua linguagem peculiar. Era um adepto fervoroso do coitadismo e do pobrismo, mas não era partidário do contratudismo. Isto nada tinha a ver com um aumento das atividades sexuais de ninguém, certamente. Todo mundo ria na sua cara quando ele falava a respeito do aumento da criminalidade: “Nos últimos tempos houve um aumento de vítimas fatais”, mas afirmava, como o nosso mandatário tinha toda a razão quando dizia que “nunca neste país as coisas estava tão boas como agora.” Na Ribeira ele era tido como um ferrenho oposicionista do sistema instalado há quarenta anos. O pobrema (palavra do Continho) era que “ozome ia fica junto” nas próximas eleições e ele teria de votar como lhe mandassem. Não seria muito um “pobrema”, pois a muié, a fia, a nora, a tia, a madrinha, todas elas recebiam um dinheirinho todo mês no banco e isso ia ajudar a apagar qualquer pobrema que aparecesse na cabeça (não se fala de chifre...). Mas de uma coisa o Chico Continho não gostava. Era quando o chefe dizia que a bomba era uma coisa boa e que tudo mundo, inclusive aquele doidão, deveria ter algumas.

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Sunday, May 09, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 171


NEGÓCIO DE PRINCESA


Quando Romeu abriu seu micro de manhã, na bodega, ele leu o seguinte email:

De: "Princesa Joy Msweti - Swazilandia"

Para: “Romeu Velho”

“Em nome de Ibrahim Al-Kamara eu, a Princesa Joy Msweti, ofereço este projeto para você: Receba um único pagamento de US$ 500.000 e outros 5 % das vendas de diamantes ajudando em um projeto que trará benefícios mútuos...

Para mais informações acerca desse projeto contate Ibrahim Al-Kamara em seu email

ibrahimalkamara1234@netscape.net

Obrigada

Princesa Joy Mswati”


Ele imprimiu a mensagem e mostrou-a ao amigo “informático” que logo lhe respondeu:

- Cara se você rachar esses 5 % comigo eu te dou umas dicas para responder sem correr perigo de infecção do teu micro.


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Saturday, May 08, 2010

CONTOS DA RIBEIRA 33


SONHANDO ACORDADO

A viagem até a Ribeira foi longa apesar de terem ido pela estrada nova. Foi longa também porque eles pararam no meio do caminho para tomar um café e no café encontraram uma menina que os encantou, minto que encantou a Haroldo. Ele chegou até a prometer alguma coisa que ele não lembra mais à mocinha, pois era uma mocinha. (...)


Ao retomarem a viagem ele quis dirigir o velho Passat, mas o Pedro, motorista de munheca firme e cheio de vontades, não permitiu. E não permitiu porque estava vendo que ele estava quase fora de si, isto é, lá dele. Daí a algumas poucas horas mais eles chegam na Ribeira e ele viu, ou melhor, sentiu que estava completamente doido. Não doido mesmo desses de correr na frente do trem ou rasgar dinheiro, mas estava doidinho; ele sabia que ela estava se instalando desde alguns dias antes, mas queria viajar e tudo mais. Ele chegou a ir ao Dr. Cezídio que era mesmo neto do grande deputado, mas ele disse que estava tudo bem que podia ir e se divertir... Tivesse cuidado com ela e ela. Ou melhor, com elas. Para uma delas ele levou remédio, seria um contra veneno? Para a outra levou chocolates. Pois bem quando chegou foi logo correndo para o quarto aquele em que seus pais haviam morrido, o velho de fome e a mãe depois de saudades. Ele ficou sozinho deitado ora na rede branca que a Chica havia armado ora sentado na cadeira de balanço que ficava logo ao lado. Ele não dormia e nem ficava acordado. Entretanto ficava sempre sonhando pensando e sentindo o cheiro ativo das flores de jasmim branco que logo, logo, não mais seria. Nessa noite, alta madrugada, ele estava balançando na cadeira quando sentiu um cheiro forte agora de rosas quando viu em pé à sua frente uma mulher, uma senhora, certamente. Ela era uma senhora já meio entrada nos seus sessenta anos. Estava envolta em um traje branco, diáfano, através do qual se viam suas formas e sombras escuras. Ela logo começou a falar, puxando conversa com ele. Dizia-lhe que ainda seria muito feliz e ele se perguntava se isso seria no sonho ou fora dele? Mas eu não sou ou não fui feliz? Só por causa dessa pequenina depressãozinha que já dura três anos eu não sou feliz, minha senhora? Eu sou feliz ao meu modo. Ela quis saber que modo era esse. E ele lhe disse o modo da quietude da calma dos sonhos imprecisos da preguiça e do bolor da rede. Tudo bem, mas você, eu insisto, vai ser muito feliz. Ele insistia em saber como seria feliz: ganhar na loteria federal e ficar feliz, tirar o prêmio Nobel e ficar feliz, ser eleito deputado e ficar mais feliz? Como seriam esses sinais de felicidade? Ele falou para a senhora de branco que continuava em pé à sua frente e perguntou-lhe e se não quisesse essa felicidade que ela estava por força querendo empurrar por sua goela abaixo? O que seria dele? Ele teria de escolher entre o Dr. Cezídio e o Dr. Pinto? Só para ser um pouquinho feliz, sem loterias, prêmios ou deputanças? Só queria ver-se livre dela, aquela companheira indesejável que já por pelo menos 300 anos o perseguia? Interceda por mim minha santa senhora!

4/2010


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Friday, May 07, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 112


RAIMUNDO MAURO OLIVEIRA FILHO, Maurinho (1949 -1980), filho de Raimundo Mauro Xavier de Oliveira e Leilah Frota de Oliveira, representa a quarta geração dos poetas Xavier/Barreto no blog.


SONETO DO PERDÃO


Uma mulher que à vida não se entrega

Só faz sofrer a quem não pode amá-la

Conduz ao ombro ou pela mão carrega

Ao triste fim, abismo ou mesmo vala


O pobre de um inútil padecente.

Se eu pudesse contar com a antecedência

Avisaria de novo ao velho amante

Perigo a que se expunha em tal freqüência.


Mais tarde então talvez chegasse a mim

Dizendo: Amigo… (nada, sou assim)

E olhando a chuva desaparecesse.


Eu seguiria meu rumo ao Purgatório,

E antes de entrar, à porta do Oratório

Alguém, quem sabe, um dia, me perdoasse…


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HOMEM DE NEANDERTAL


Acredita-se que os Neandertais (Homo neanderthalensis) sejam os nossos mais próximos parentes na escala evolutiva. Acredita-se atualmente que os Neandertais e os homens modernos compartilharam um ancestral comum há cerca de 500.000 anos atrás, na África. Características morfológicas típicas dos Neandertais aparecem primeiro no registro fóssil da Europa há cerca de 400.000 anos. Eles viveram na Europa e na Ásia Ocidental antes de desaparecerem cerca de 30.000 anos atrás.

Artigo publicado hoje (7/5/2010) por S. Paabo e colaboradores na revista “Science” dá enorme força a essas idéias.

(Veja no site “Science”, no ESP e na FLS)

(A figura é da revista “Science”)
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Wednesday, May 05, 2010

GRANJA - GINÁSIO POLIESPORTIVO À DIREITA


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Tuesday, May 04, 2010

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 127


A NATUREZA É MUITO BONDOSA


José (o Zé) Raimundo era um estudioso das plantas e de sua utilização pelo povo que mantinha as tradições herdadas de gerações anteriores. Ele havia estudado muito e chegou a fazer um doutorado na área. O Zé divulgava seus resultados em congressos, reuniões, seminários ou o que fosse. Sua preocupação em manter viva as tradições populares, agora confirmadas por sua Ciência, era muito forte. Certa ocasião, durante seminário, em um Departamento de uma Universidade do Sul do país, ele explicou:


- Existe uma planta no Alto Xingu cujas cascas são utilizadas pelas populações indígenas como um vermífugo muito eficiente. Esta planta não existe no Sul, mas, como a Natureza é muito boa nos deu a aroeira que, apesar de não ser da mesma família, suas cascas têm o mesmo efeito


.

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Sunday, May 02, 2010

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 170


O RATINHO BRANCO

Quando morreu os parentes descobriram notas escritas por ela. Ao lê-las Tia Rita viu que eram os últimos pedidos da irmã já octogenária. Ela queria que seus documentos, como batistério, receitas médicas, e outros deveriam ser postos sob sua cabeça grisalha quando já estivesse seu corpo no caixão. Pedia também que a vestissem com a roupa de baixo branca e com seus sapatos também brancos. E, o mais importante, não deixassem o ratinho branco entrar no caixão.




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A VIDA AVENTUROSA DE TROFIM VASEC EM DIVERSOS CAPÍTULOS – 5


Uma noiva para Trofim Vasec


Os dias passavam na maior tranquilidade, mas eram secos, quentes e poeirentos, até a viração tinha-se acabado. Já não chovia fazia meses e todos estavam com medo da seca que se anunciava nos sinais conhecidos: o peba ainda não tinha suado e os urubus estavam cantando e pondo ovos. Era de assombrar. (...)


No dia 19 de março o Padre Pinto havia lembrado do compromisso de São José com seu povo, mas mesmo isso não favoreceu a chuva. Os homens da Capital diziam que não ia chover, mas isso também não tinha importância, pois teríamos mais sol para favorecer o turismo na Beira-Mar e em Jeri. Aí ta bom.

Voltando a Trofim ele esqueceu da menina adoidada que o Zequinha havia-lhe apresentado como sendo casadoura, pois viu que ela era doida mesmo. O diabo é que ele passou a acreditar que tinha de casar, e com uma moça rica. Não precisava ser bonita, bastava ser rica, filha de algum coronel capitalista.

Ele lembrou do seu Narcizo, o dono do ponto que ele alugava no Mercado. Acontece que esse seu novo amigo era um positivo do Coronel Totonho, o homem mais rico da Ribeira e que tinha uma filha de seus dezessete anos, doida para casar. Por incrivel que pareça Aline, era este o nome dela, nunca tivera pretendentes na cidade e nem em qualquer lugar que tivesse andado. Ela era uma moça muito feia por fora e, dizem, também por dentro, se é que me entendem.

Certa tarde Narcizo convidou o amigo Troféu para passarem em frente à casa do Coronel, a Casa Grande, na Rua do Accioly na ora da viração. A Família estaria certamente lá, todos sentados em cadeiras confortáveis conversando e falando sobre a vida dos outros.

- Coronel Totonho este aqui é o meu amigo Trofim que todos conhecem por Troféu e que está com negócio onde o Capitão Zé Raimundo tinha a bodega dele, do outro lado do Mercado. Você sabe.

O Coronel estendeu a mão para o homem louro e começou a ter pensamentos. Dona Eulália já ouvia os gritinhos dos netinhos a correr no grande salão e Aline logo pôs seus olhos lânguidos e remelentos no jovem eslavo demonstrando um interesse grande. Desde essa tarde Trofim Vasec passou a procurar conversa com o Coronel Totonho e com as duas mulheres. Os filhos homens do casal estudavam em Fortaleza e, de qualquer modo não se interessavam por esses assuntos familiares, desde que não comprometessem muito sua futura herança. Trofim observava para o amigo Narcizo que a moça era delicada sabia conversar, fazer trabalhos de mão, mas era muito, muito feia. O amigo dizia:

- Se você visitasse a família de cada coronel desde a Estação até o Alto você encontraria muitas moças bonitas, jovens e casadouras, mas nunca encontraria uma tão rica como Aline. Case com ela, home, que você vai fazer seu futuro, constituir família, seus filhos serão ricos comerciantes, políticos, deputados e certamente chegarão a ser prefeitos da Ribeira. Daí sua família vai dominar todo o território, eu garanto, por São José.

Trofim concordou tendo em vista o que ele já tinha sabido no pouco tempo que estava na cidade.

Não demorou nada e o eslavo de olhos azuis estava namorando firme Aline, a herdeira do Coronel mais rico da Ribeira. Sem nos determos na apreciação dos amaciamentos decorrentes de sua condição de namorados chegamos aos degraus da Igreja. O casamento foi marcado e no dia certo o padre veio de Sobral, pois o da Ribeira havia sido expelido dado suas atividades extra-sacerdotais muito evidentes. A própria noivinha sentiu falta do amigo Padre Lisboa.

O casamento foi realizado no jardim da residência familiar, pois o noivo, ou melhor, sua fé, não era vista com bons olhos pelo Padre. Após a cerimônia houve uma ceia que foi servida no grande jardim preparado pelo Valdir, o decorador da cidade que entendia muito dessas coisas. A ceia foi fornecida pelos restaurantes da Lalinha e da Shelda. O Coronel mandou vir queijos e pães especiais da padaria do Emílio Sá, vinhos franceses da Casa Albano e muitas outras iguarias da Capital. Por toda a noite houve danças animadas pela banda do Chiquinho Marciano e, de vez em quando, amigas de Aline e sua mãe tocavam mazurcas no seu precioso Steinway.

A festa foi até quase de manhã quando o casal recolheu-se aos seus aposentos especialmete decorados também por Valdir.

É escusado dizer que Aline e Trofim passaram a morar na enorme casa dos pais dela.


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Saturday, May 01, 2010

POEMAS BARRETO/XAVIER 111


RAIMUNDO MAURO OLIVEIRA FILHO, Maurinho (1949 -1980), filho de Raimundo Mauro Xavier de Oliveira e Leilah Frota de Oliveira, representa a quarta geração dos poetas Xavier/Barreto no blog.

SONETO DO MEDO

O medo é como a sombra da distância
Que paralisa o amor, mas fortifica
Os laços dos que se amam na ausência
Mas afastando sempre alguém que fica.

É como a calma de uma madrugada
Que o vento tange pela rua sem fim
Por entre lustres só se vendo o Nada
Bruma, Silêncio -, qualquer coisa assim.

O medo é a chama, é o aquecimento
Metade dor, talvez contentamento
Que o tempo traz para levar segredo;

O medo é o Medo de uma despedida
De certo alguém que na hora da partida
Diz que não volta. Tudo isso é o Medo...


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