Sunday, May 31, 2009

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 128


George Talson e os irmãos Detal

Eduardo Detal e Gilmar Detal, assessores do Senador Curvello, foram acusados de negociar uma trégua nas batalhas por alguns pontos com membros do CV que já dominavam o morro. Foi desse projeto – envolvendo a trégua - que George Talson, o nosso Governante Maior, havia gostado muito, e já tinha instruído seus assessores “dando a ordem para que fosse executado” em seus domínios. Os dois assessores, quando receberam a ordem, perguntaram ao Gerente: - Executar quem? E o Gerente:
- Ora!

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Friday, May 29, 2009

POEMAS BARRETO/XAVIER 73


Mostramos mais um poema de LÍVIO BARRETO o poeta dos “Dolentes”, seu único livro publicado postumamente.


INVERNO

A Lopes Filho

Chega o inverno ríspido;
O inverno chega, frio:
Já pelo ambiente gélido
A névoa fio a fio
Desce.

O rio, cavo,
Murmura, ameaça,
Cresce
Cresce, transborda e passa.

Aves com frio,
Ninhos molhados...
Do rio
As lavandeiras brados
Soltam com frio.

É o inverno: chega,
Das nuvens desce;
Ruge, estortega,
E o riso cresce,
E as aves choram...
De luto as pedras
Vestem-se, e oram.

As rolas fogem:
Quem sabe aonde
Elas irão?
Se a névoa esconde
Os horizontes
Prados e montes
Acharão?

Pelas campinas,
Pelos oiteiros,
Só nevoeiros,
Frio e neblinas.

Pela cidade
Tristeza só!
Vestem-se os muros
Pardos, escuros,
De limo e pó.

Do campanário
Na flecha esguia,
As andorinhas
À luz do dia
Não pousam mais.
E o grito terno
Delas no inverno
Não se ouve mais!

E eu? Olha, pensa
Ó meu amor!
Sem fé, sem crença,
Na noite imensa,
Fria, que horror!

Sei que não voltas
Ao coração...
Não voltas, não!
E as ondas frias
Do bravo mar
Da minha vida,
Com o teu olhar
Só tu podias
Fazer parar!

Noites, que noites!
Estas que passo
Chorando, a orar!
Sem um afago,
Pois na minh’ alma
É vago, vago
O teu lugar!

Dezembro – 93 -

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PELE HUMANA ABRIGA CENTENAS DE TIPOS DE BACTÉRIAS

Pele tem centenas de tipos de bactérias

Diversidade inesperada revelada por censo bacteriano é importante para o estudo de muitas doenças dermatológicas Colonização das axilas, uma área úmida, é diferente da dos braços, zona seca; região mais limpa é atrás da orelha, com "só" 15 tipos:


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Thursday, May 28, 2009

VISTAS DA GRANJA 96


Granja triste. Triste Granja.

- Onde estão vocês que não se manifestam?

Pessoa Anta, Carvalho Motta, Felino Laurino, Lívio Barreto, Luiz Felipe, José Beviláqua, Valdemiro Cavalcante, Abner Vasconcelos, Lívio Xavier, Olavo Oliveira, Francisco Fragoso, Guilherme Gouveia, Francisco Sousa, Raimundo Mauro Oliveira

e muitos e muitos outros mais terão tomado conhecimento do que se passa na Granja? Não devem ter tomado!

Ao que me conste nunca houve na Granja, pelo menos desde que o burgo passou a cidade, nenhum processo deste tipo. Que tipo? Ué o que está ai! De qualquer modo nada justifica esta vergonha: um governante ser cassado -, mesmo se ele tem sido caçado.

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LAGARTAS INVADEM ROTERDÃ

Lagartas chegam a cobrir carro:
Segundo especialistas, essas lagartas não são perigosas para os humanos. Os insetos tecem uma espessa e pegajosa teia branca para se proteger.

O que aconteceu em Roterdã: leia mais no Planeta Bizarro G1/planeta bizarro)


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Wednesday, May 27, 2009

HISTÓRIAS DE JORGE RAPOSO 15


Canoa na bruma

A cidade havia amanhecido sob uma densa bruma que, certamente, iria permanecer por muitas horas sobre os escombros dos incontáveis casebres de taipa da Beira do Rio, já destruídos pelas pesadas chuvas. Jorge estava lá perto, sentado em um banquinho de madeira em frente à bodega do Tito, fumando seu inseparável cachimbo e apreciando a correnteza que, de vez em quando trazia um animal morto pelas enchentes. Será que ele veria o corpo de algumas das pessoas que haviam desaparecido lá pela Boca do Acre e certamente desceriam as águas até o mar? Não custava nada esperar e matar sua curiosidade. Não demorou muito tempo e, num resto da madrugada, ele viu uma canoa passar bem em frente; apertou o olhar e conseguiu ver três vultos: na proa ia o Talzinho, logo atrás ia Talfilho e, remando, com força parecia o gerente da loja. Esta embaixada estacou em frente ao armazém onde se guardavam os mantimentos doados por dezenas de pessoas para serem distribuídos entre a população afetada pela catástrofe – eram centenas, senão milhares. Jorge viu que sob as ordens de Talzinho, os outros dois homens desceram, arrombaram a porta do armazém com um pé de cabra e encheram a canoa com tudo que era gênero: feijão, arroz, farinha, óleo e o que coube dentro da canoa. Ele ficou só imaginando para onde eles iriam levar aqueles alimentos já destinados ao povo faminto da sofrida cidade.

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Tuesday, May 26, 2009

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 84


Fundos das Enchentes foram depositados no Citiobank e no União de Bancos da Molvânia

Ia longa a reunião. Fazia um calor infernal. O Homem nunca imaginara que Ele viesse à sua querida Várzea fazer propaganda antecipada de sua candidatura; também achava que ele não merecia um “split air” para se refrescar; que sofresse com o calorzão. O diabo é que ele próprio não tinha mais idade para aguentar o calor da cidade. O tempo esquentou ainda mais quando Ele disse que não se poderiam utilizar verbas destinadas a Educação para pagar despesas feitas com obras contra as enchentes. Ele havia pensando em propor isso. E, teimoso como ele sabia ser, resolveu afirmar exatamente isso. Quando Ele fez uma brecha em sua lengalenga o Homem levantou-se com o microfone na mão e disse:

- Eu vou usar dinheiro que tenho aplicado no Citiobank de Atlanta para pagar despesas feitas aqui. É verdade que esses fundos não são meus, mas ninguém sabe que estão aplicados em títulos do Tesouro Americano. Portanto não tem nada de mais!

Toda a audiência ficou atônita, mas ninguém disse coisa alguma. Quando o Homem sentou-se Ele virou-se e disse-lhe:

- Tenha cuidado, mas guarde um pouco para mim. Meu secretário vai passar para você o número de minha conta no UBM (União de Bancos da Molvânia).

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Monday, May 25, 2009

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 54


Chuvas e enchente na Várzea

Chovia muito lá fora, na várzea, onde mal se distinguiam os troncos das carnaubeiras que, em tempos de seca fechavam os caminhos. O candidato - o ex- e futuro candidato - refletia em voz alta e pedia, com o olhar concordância de seus cabos eleitorais que ainda o acompanhavam. O Bebé era o mais entusiasmado deles e balançava a cabeça para tudo o que o Moço falava. Ele dizia que agora, com essa enchente em todo o município, o Homem iria se lascar, pois certamente iria utilizar dinheiro do FUNDEB para fazer obras e desviar a maior parte para sua conta no Morgan Guarantee, em Nova Iorque. Ele seria processado, mas, certamente nada aconteceria. Aí o Moço completou:

- Mesmo se fosse, na próxima eleição, eu serei candidato novamente, afinal, tudo o que eu mais quero é ser Prefeito.
- Aí nóis vamo ganha mermo, Dotô... Disse o Bebé e foi apoiado por todos.
- Eu só quero quatro anos de mandato na Prefeitura para fazer minha base para me candidatar a Deputado Federal! Daí vocês vão ver...

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Sunday, May 24, 2009

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 128

Secas

A jovem era professora de Ecologia em uma universidade da região Nordeste. Recentemente, em um seminário para todo o Departamento ela apresentava resultados de seu trabalho. Eles diziam respeito a estudos sobre a caatinga dos quais ela havia participado recentemente. Ao final de sua apresentação, certamente para justificar as observações sobre o quadro de abandono e miséria que vira, comenta tristemente:
- Está com mais de cem anos que ninguém nunca viu uma seca dessa!
- Que seca Professora, a Senhora não está saindo às ruas ou lendo jornais ou vendo televisão?
- Meu jovem, mas agora tudo é diferente, pois a causa dessas enchentes é, claramente, o aquecimento global que chegou pra valer em nossa região. Você não tem termômetro em casa?
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CHEIAS (AINDA) EM GRANJA: QUANTO MAIS MISÉRIA, MAIS POLÍTICA


No município de Granja, as inundações fizeram dos mais de 972 desabrigados/desalojados coadjuvantes de uma briga política da família que há mais tempo domina o poder local (O Povo)

É imperdível uma vista sobre as matérias - "Quanto mais miséria, mais política"- (autoria de Demitri Túlio) que o jornal O Povo (Fortaleza, Ceará) de hoje (24 de maio de 2009) publica a respeito das enchentes recentes na Zona Norte do Estado. Só para facilitar seu acesso damos os links que levam diretamente aos complementos da subtítulos:

“É uma Sucupira sem Odorico Paraguassu”

Até quando?

No ar, discursos e campanha

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Friday, May 22, 2009

POEMAS BARRETO/XAVIER 72


O poema abaixo, de autoria de LÍVIO BARRETO, foi publicado Publicado em “O Pão” nº 19, de 1-7-1895 e, posteriormente, em os “Dolentes”:

CONTRADIÇÃO


Nem vale a pena contar
O meu profundo penar!

Viver de ave que doideja
Presa dentro de uma igreja.

Pois imagina, senhora,
Que eu prefiro a noite à aurora?

Mais: - prefiro às noites belas
Com seu rosário de estrelas...

As longas noites trevosas,
Profundas, silenciosas...

E nem te cause piedade
A minha agreste verdade!

Pois se és tu minha alegria
E eu não te vejo de dia;

Se pelas noites de luar
Nunca te posso falar

Prefiro a treva sem fim
Pois tenho-te junto a mim.

E se mais cedo me deito
Mais te tenho junto ao peito,

Para isso basta-me então
Abrir meu coração.

Pois se da desgraça o açoite
Leva a luz que me alumia,
Por ti, eu morro de dia
E ressuscito de noite.


Granja – 93 –
("Casal com seu gato vermelho" de C. Saatchi é o quadro mostrado acima.)

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Thursday, May 21, 2009

VISTAS DA GRANJA 95 - + CHEIA DO COREAÚ

Imagem da alvorada sobre o Rio Coreaú dias antes da recente enchente do último mês de maio.


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Wednesday, May 20, 2009

HISTÓRIAS DE JORGE RAPOSO 14

A mosca azul

Jorge estava muito esperançoso e entusiasmado com as possibilidades que se apresentavam. Após visitas mais frequentes à Várzea ele achava que sua popularidade estava aumentando entre as pessoas da cidade. Não que ele quisesse se candidatar a alguma coisa, longe disso, mas sabe lá o que reserva o dia de amanhã... Muitas pessoas conversavam com ele e daí ele acabou mesmo sendo mordido pela mosca azul. Seus amigos e ele pensaram logo que ele poderia se candidatar a prefeito, pois todos achavam que tinha o perfil para o cargo. Logo, logo eles se decepcionaram, pois o vereador mais importante do grupo do Homem estava fazendo propaganda do terceiro mandato para o atual prefeito e dizia alto e bom som em todas as rodas na Praça do Mercado:
"Não posso conformar-me que as leis impeçam que tenha continuidade a liderança desse homem. São poucos os líderes no mundo. De vez em quando surge um gênio. Esse é um gênio varzeano".
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BIBLIOTECA BRASILIANA Guita e JOSÉ MINDLIN - IEB - USP

Hoje, 20 de maio, foi divulgada pelo “Bom Dia Brasil” a notícia da construção e breve inauguração da "Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin" que está sendo construída no Campus da Universidade de São Paulo. A iniciativa é do grande bibliófilo e sua de esposa – doação da Biblioteca Brasiliana - e conta com o apoio de diversas empresas brasileiras. A Biblioteca é formada também pelo acervo da Coleção do Prof. Sérgio Buarque de Holanda.
Clique nos links abaixo para ver e ler mais sobre essa extraordinária iniciativa:


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Tuesday, May 19, 2009

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 83


A cheia do Coreaú

A mocinha tinha quase sessenta anos, bem menos do que seus setenta e picos, mas ela era mesmo uma menininha pudica. Ela reclamou dele quando de seus avanços durante um fim de semana prolongado:
- Nunca pensei que você fosse capaz disso! Em outra ocasião ele lhe disse que a procuraria após verificar se em sua, dele, agenda havia vaga para ela:
- Me respeite! Eu não admito que você tenha que me colocar em uma fila qualquer! Mais adiante, quando ele começou a contar historinhas de Trancoso, ela veio com essa:
- Mentir, comigo não! Ele já tinha perdido seu interesse pela mocinha quando recebeu a notícia de que ela havia caído de cima da ponte do Rio Coreaú e morrido afogada. Contam que ela estava acompanhada por uma senhora vestida de negro e com um grande relho na mão. Todo compungido, ele foi à missa de sétimo dia na Igreja do Pequeno Grande e rezou muito por sua alma. Na igreja ele pensava sobre quem seria essa senhora que a acompanhara. Seria Ella?

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Monday, May 18, 2009

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 54


Bito e Arculano

O Bito bebia muito e era arruaceiro de marca maior, destruía o bar do Seu Peto, na Rua do Mercado, toda vez que aparecia por lá, aos sábados. Neste sábado ele já havia quebrado o bar – garrafas, mesas, cadeiras e o escambau - e ameaçava todo mundo. O pior é que ele se trepou no balcão, já sujo com suas sujices de outras vezes e começou a fazer todo tipo de sacanagem que só homem sem vergonha faz. Foi só aparecer um soldado da delegacia, o Arculano, que o chamou pra briga e o matou e depois disse pra quem quisesse ouvir:

- Onde tem um Bito pode aparecer um Arculano.
E dito e feito.

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Sunday, May 17, 2009

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 127


Poço fantástico

Eles formavam um grupo grande de estudantes em excursão pelo sul de Minas. Em uma pequena cidade foram levados a um enorme galpão onde, no fundo, via-se uma parede de proporções descomunais. O guia dissera que havia sido retirada do subsolo. Na sua superfície, viam-se nitidamente, as estruturas de raízes, pedras, rochas, etc. que foram cortadas quando o imenso bloco foi preparado para ser levantado do subsolo. Eles deveriam tomar um elevador para descer até ao local de onde fora retirado esse bloco. Houve um pequeno tumulto, pois o elevador era pequeno, havia muita gente e os jovens foram seguidamente puxados e empurrados. Na volta e somente após alguns minutos é que os poucos que entraram no elevador deram-se conta de que eram os únicos que restaram do grupo.

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Saturday, May 16, 2009

CHEIA DO COREAÚ NA GRANJA


Veja o vídeo (You Tube) com a excelente reportagem feita hoje (16/5) por Mário Jordany e mostrada em seu blog I a Granja ?

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POEMAS BARRETO/XAVIER 71


LÍVIO BARRETO – O Lucas Bizarro da Padaria Espiritual em seu único livro – póstumo – Dolentes nos deixou este poema:


FLOR DE CARNE

Na alva epiderme de teu corpo gira
O sangue quente de bacante impura,
E nessa noite horrendamente escura
Do vício, o coração te arde e delira.

Embora! Amo-te assim, fatal criatura,
Lasciva e bela, estéril Hetaíra;
Em ti o gozo lúbrico suspira
E a volúpia frenética murmura.

Há nos teus olhos um luar de estio...
Quando tu passas, meu amor sombrio
Te segue, cheio de áspero desejo.

Sonho-me então vitorioso e bruto,
Como um sátiro alegre e dissoluto
Amarrotando a rosa de teu beijo.

- 94 –

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CHEIA DO COREAÚ - AJUDAR GRANJA

Veja no You Tube o filme que mostra a tragédia e o sofrimento porque passaram e passam os habitantes da Granja, sempre e agora, com as fortes chuvas caídas neste inverno. O filme é de responsabilidade de Ruth Torres e Diogo Júnior.
A foto acima foi tomada no bairro da Lagoa Grande, em Granja, durante a enchente de abril de 1965.
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Friday, May 15, 2009

TORRE EIFFEL FAZ 120 ANOS


Em Paris, na França, e em todo o mundo, comemora-se os 120 anos anos da Torre Eiffel, a "Dama de Ferro", construída por Gustave Eiffel, para a Exposição Internacional de 1882.

Leia e veja mais seguindo os diversos links abaixo:

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Thursday, May 14, 2009

VISTAS DA GRANJA 94 - CHEIA DO COREAÚ


Todos os granjenses sabemos que o Rio Coreaú salta de seu leito nos grandes invernos. As fotos acima são o registro de uma grande enchente na cidade em abril de 1965. Os bairros afetados são os mesmo que o foram, agora, 40 anos depois.

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Wednesday, May 13, 2009

HISTÓRIAS DE JORGE RAPOSO 13


Túnel sem fim


Nos últimos tempos Jorge utilizava toda a energia que possuía para dedicar-se a um de seus passatempos preferidos: manipular seus pensamentos e diálogos solitários; exercitar-se até encontrar algum bom proveito para eles e não somente contrariedades, como era de costume acontecer. O local preferido por ele para esses estranhos exercícios era sua cadeira de rodas com os seus livros, revistas e jornais. Este era o local preferido, mas eles chegavam a toda hora e em qualquer lugar, por exemplo, quando estava caminhando na Beira-mar. Na cadeira ele como que se preparava para essas sessões ao ler algo interessante que, contraditoriamente, ao invés de mantê-lo acordado, lendo, fazia com que ele divagasse e entrasse em alfa, como dizia Vanessa.

Nessa manhã ele começou a pensar em uma viagem de trem que havia começado lá longe na Cidade. Jorge havia comprado passagem só de ida que lhe dava direito a um beliche e café da manhã. Para almoço e jantar ele tinha de ir ao carro restaurante e, como os demais passageiros, fazer seu pedido a partir de um cardápio limitado e pagar do próprio bolso.

A princípio o trem seguia devagar cruzando campos, vales e, raramente subindo, ultrapassar um morro. Ele podia descer em algumas das paradas e demorar alguns minutos; às vezes essas paradas eram mais demoradas, mas nunca mais de meia hora. Lembra-se de uma das primeiras vilas em que parou o trem. A pequena estação ficava próxima a um açude e, de longe ele via crianças tomando banho na água que parecia limpa. Havia vendedores de tudo, mas se destacavam os que vendiam peixes fritos. Após poucos minutos o trem continuou em marcha lenta e alcançou uma cidade grande, muito maior que a primeira e onde a demora na estação foi condizente com seu tamanho. Ele desceu para estirar as pernas e dar uma olhada. Havia perto um enorme mangueiral que dava muita sombra e sob o qual havia muitas crianças em fila recebendo um saquinho com balas das mãos de um senhor sentado diante de uma pequena mesa.

A viagem prosseguiu calma e vagarosamente até que o trem atingisse outra cidade. Esta era bem maior que a segunda e ele esperava que a demora fosse também maior. Não foi, mas deu tempo a ele de ver, ao longe, o burburinho da cidade grande. Então o trem prosseguiu viagem, sem parar por muitos quilômetros. Chegaram então a outra cidade que era muito maior do que qualquer outra que ele jamais vira. A demora aí foi a maior até então. Todos os passageiros desceram e tiveram tempo suficiente para visitar uma das principais praças da cidade. Lá havia uma estátua equestre de um general que havia participado da Guerra Grande. Tiveram que voltar ao trem, pois a partida estava marcada para dentro de alguns minutos e como a praça era perto da estação todos foram mesmo a pé.

O trem partiu e, dentro de poucas horas, atravessou um pequeno túnel, talvez de um quilômetro, escuro, tão escuro como breu. Jorge teve a sensação de que aquele escuro não ia terminar nunca. Felizmente em poucos minutos o trem chegou ao termo do túnel que se abria para um enorme vale repleto de casas que, do alto e de longe, pareciam casas de brinquedo. O vale aparentava ser fértil e o que ele estava vendo eram fazendas de gado, pois dava para ver as rezes pastando e o formato dos currais, perto das casas.

A viagem continuou sem acontecimentos marcantes; o trem deslizava mansamente sobre os trilhos tal qual um navio sobre águas calmas; de vez em quando o maquinista acionava o apito, dando sinal de si ou para espantar algum animal deitado na linha. Muitos quilômetros depois desse vale, quando uma cadeia de montanhas que já aparecia no horizonte há tempos, foi alcançada, o trem penetrou em um túnel bem maior do que o primeiro. O túnel era muito escuro e úmido e tinha uma extensão de uns dois ou três quilômetros. Jorge ficou novamente apreensivo devido à escuridão e a uma sensação de umidade pegajosa. Quando finalmente o trem saiu para o claro ele viu novamente um vale imenso e fértil que o alegrou bastante. Agora o vale era plantado em toda sua extensão e planura com cana-de-açúcar. Era uma imensidão de verde a perder de vista. O trem continuou apitando quase sem parar e ele sentiu que mergulhava em um sono calmo.

A viagem prosseguia sem novidades. Era só dormir, tomar café, esperar pelo almoço e o jantar, e ler. Ler muito e de tudo, pois ele havia levado um bom suprimento de livros para essa viagem. Subitamente, após ter acordado e sem mesmo ter tomado café ele ouviu um silvo longo e o trem entrou em um novo túnel. O trem entrou nesse túnel, escuro e úmido como os anteriores. Passaram-se as horas e o tal de cavalo de ferro não chegava ao fim da escuridão. Aliás, nunca chegou, por mais que Jorge quisesse.

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Tuesday, May 12, 2009

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 82


Esdras e ele

Ele gostava de tomar um cafezinho sempre que terminava de dar a primeira aula. Ia para a cantina do Centro que servia uma boa bebida, dessas coadas em pano, como antigamente. Ao se aproximar do balcão o Esdras já estava lá. Docente como ele, mas um pouco mais velho e que havia sido seu professor em uma disciplina no curso de graduação. Logo que o Esdras o via começava a comentar alguma notícia que havia lido nos jornais da manhã:

(ESDRAS): - Você viu o que o Bush está fazendo no Iraque? Não é mesmo uma coisa horrível?
Ele, relutando, entrava no clima do colega:
(ELE): - É verdade. É muito triste, mas o Bush me parece estar encontrando muita resistência em montar um ataque pra valer.
(ESDRAS): - De qualquer modo ele tem muito dinheiro, muita força, muito poder. Vai ser um passeio no Iraque.
(ELE): - Não sei não. Acho que vai ser bem difícil. Os muçulmanos estão muito irritados com o Oeste, acham que estão lutando contra uma nova cruzada.
(ESDRAS): - Bem, é verdade...
(ELE): - Acho que o Bush vai mesmo quebrar a cara, como se diz.
(ESDRAS): - Bom. Acho que vai ser uma parada séria.
(ELE): - Talvez suas origens texanas justifiquem isso.
(ESDRAS): - É verdade. É muito triste, mas o Bush me parece vai encontrar muita resistência em montar um ataque.
(ELE): - Cara você está dizendo o que eu disse no começo desse papo!

Ele ficou imaginando que tipo de diálogo o Esdras mantinha com seus estudantes.

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HISTÓRIAS DAS TERÇAS 53


Será que ele escapa desta vez?

Talzinho piscou para Talfilho quando o Homem anunciou a reconstrução do Paraíso Perdido – perdido para os outros para eles, não – com uma pequena verba de
R$ 500.000, a ser fornecida em breve. Quando terminou a reunião em que a medida foi anunciada, os Tais se encontraram na saída e combinaram alguma coisa que só depois a comunidade do Paraíso saberia do que se tratava. Segundo o Cabo do Destacamento dois camaradas assaltaram o Soldado José que estava no comando da Segunda Canoa tomando-a e em seguida atravessaram o Rio Cheio e foram até Jejuca onde assaltaram a agência do Banco e levaram os reais que já haviam sido depositados para as obras no Paraíso. Tomaram o avião no Aeroporto Regional e foram bater em Atlantis onde abriram um cabaré especializado em mocinhas importadas por eles das regiões afetadas pelas chuvas no país das cheias.
(Satan Contemplating Adam and Eve in Paradise, from "Paradise Lost," by John Milton. Painting by John Martin.)

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Sunday, May 10, 2009

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 126


Estrelinha

Ele a via de pé, vestida de preto, diante do cartaz diverso e colorido, por entre as colunas do Templo de Afrodite, esperando as visitas curiosas. Dominava a cena seu largo sorriso encimado por uma coroa de louros. Em torno de sua bela figura irradiava-se uma aura brilhante. Ambos, sorriso e aura, foram difíceis de evitar e fizeram acender fogueiras onde antes só havia chuva e frio. Subitamente, na madrugada, ele acordou com um peteleco do companheiro de viagem, a troco de nada...

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Saturday, May 09, 2009

MULHER COM PATAS DE CAVALO


Vejam que notícia extraordinária: Extensões para pernas transformam humanos em cavalos
Equipamento criado por artista norte-americana é feito de aço. Novidade já está à venda e custa entre US$ 750 e US$ 1 mil. Vejam no link abaixo


Melhor é o vídeo no YouTube: http://www.youtube.com/watch?v=Tx6ej0Vh7HE
Há pessoas que não precisam adquirir essas patas, pois já as possuem e as utilizam para escoicear.

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POEMAS BARRETO/XAVIER 70


LÍVIO BARRETO – O Lucas Bizarro da Padaria Espiritual em seu único livro – póstumo – Dolentes nos deixou este poema:

PARA ALGUÉM


Da tua boca, encarnação do Belo,
Suspensa está minh´alma ansiosa e louca:
Suspenso está tudo que almejo e anelo
Da tua boca.

Do teu sorriso cândido e suave
Pende meu ser em ânsias indeciso,
Sempre que escuto o doce canto da ave
Do teu sorriso.

Do teu olhar leal um raio implora
Minh´alma e canta quando o vê baixar,
Pois ele vive dessa luz, Senhora,
Do teu olhar.

Do teu amor a pérola mimosa
Meu coração inunda de fulgor;
Ah! dá-lhe um pouco, ó pálida formosa,
Do teu amor.

- 94 –

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VISTAS DA GRANJA 93 - CHEIA DO COREAÚ


Destacamento da PM utiliza barcos no policiamento da cidade.
É notícia de hoje no jornal O Povo. Veja detalhes no link abaixo: http://www.opovo.com.br/opovo/ceara/876289.html

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Thursday, May 07, 2009

HISTÓRIAS DE JORGE RAPOSO 12


Tereza

Jorge descobriu que estava apaixonado por ela logo nos primeiros dias em que a conheceu. Como ele dizia para a moça, eles entravam “em fase”. Isto durou muito tempo, mas ele não tinha coragem – era covardia mesmo – de falar alguma coisa sobre seus sentimentos. Preferia curtir a dúvida; eu acho que a dúvida era um dos seus alimentos, não preferidos, mas necessários à sua vidinha, pensava ele. Chegou um dia que ele teve coragem e falou para Tereza:

-Olha! Eu vou jogar as cartas na mesa para ver seu jogo.
-Do que você está falando?
-Bobagem você sabe do que vou falar e sabe do que se trata há muito tempo...
-E aí?
-Bom, é o seguinte. Se não falo vou ficar com essa dúvida eterna; se falo posso perder você. É uma sinuca de bico mesmo...
-E porque você não conta? Pode ser que você fique aliviado...
-Eu tenho certeza que vou perder sua amizade se contar.
-Porque você não arrisca?
-Você sabe muito bem que eu não sou de arriscar nada. Sempre quis jogar na certeza de ganhar; por isso não jogo na loteria, nem jogo cartas, nem faço nada que inclua a possibilidade de perda.
-E em que posso lhe ajudar?
-É muito simples, aliás, simples demais. Vou te dizer: nós dois viajamos para Jeri e ficamos lá o tempo que der para eu decidir a te contar.
-E daí?
Dizendo isso ficou calada, calada ao extremo, ao contrário de como se portava: sempre alegre e falando pelos cotovelos como um papagaio.
-Bom daí é o seguinte: vou pedir a você que me responda uma só pergunta quando estivermos lá.
-E por que você não faz logo o raio dessa pergunta?
-Porque eu tenho receio da resposta que vou ouvir!
-Mas como, se você não perguntou ainda? Lá vem tua mania de pensar em algo e achar que é verdadeiro. Nem todas as pessoas pensam da mesma maneira, portanto...
-Ta bem! Esquece da tal viagem. Vou te fazer a pergunta aqui mesmo.
-Ótimo, pois só assim você sai desse enroladinho todo! Diz!
-É o seguinte: Se você me disser agora, jurando pelas Cinco Chagas de Cristo, por Nossa Senhora Aparecida, pelo Padim Padre Cícero e por todos os santos que você tem um namorado, um marido, tem compromisso com alguém... Aí ele disse o resto da frase fatal:
-Se você tem algum gancho me diga agora. Se a resposta for positiva eu me afasto de você e esqueço de você. Esqueço, como? E então?
-Então o que?
-Qual é a tua resposta?
-É! Eu tenho um namorado firme. E ele se chama Miguel, é carioca, alto, louro, bonito, barba escanhoada, atleta, sabe de tudo sobre futebol e baladas. Ele é o cara da minha vida...
Jorge ficou calado, olhando-a nos olhos claros e, aparentemente, sinceros e disse:
-Eu não acredito!
-Pois é eu tinha certeza que você diria isso.
-Ta bom. Não tenho cartas. Chegou minha hora, até a próxima. Acho que vou passar um ótimo fim de semana pondo esse couro para curtir no tanino.

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Wednesday, May 06, 2009

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 81


Maicon e Maical

Os dois irmãos eram uns verdadeiros pinguços. Eram gêmeos, já beirando os quarenta e tinham esse vício tremendo. Trabalhavam muito pouco se é que o faziam ficando em casa quase o dia todo. Nos fins de semana era pior, pois a bebedeira era muita. Viviam com a mãe que não sabia mais o que fazer para dissuadi-los da cachaça, pois era da branquinha que os dois gostavam. Um dia, uma amiga, metida com essas coisas, disse a ela que havia uma simpatia que era tiro certeiro, pois quem a seguisse à risca acabava com o vício. Ela resolveu por em prática a tal simpatia que consistia em colocar meio copo de cachaça em um lugar que ninguém visse e oferecer às Santas Almas Benditas dizendo: “Assim como esse cheiro vai sumir, o vício dos meus filhos, Maicon e Maical, também vai acabar.” No dia seguinte ela tomou o copo com a cachaça e rebolou no mato, tudo junto e esperou pelo resultado a fim de botar no jornal pois a simpatia exigia isso. Os rapazes continuaram a beber sem tomar conhecimento da simpatia feita por sua mãe. Ela, intrigada, foi perguntar à amiga o que poderia ter acontecido. Depois do relato a amiga disse: - Eu acho que foi porque você só pôs um copo e por que os nomes dos meninos são muito parecidos. As Santas Almas Benditas talvez tenham se confundido...

Gravura por Giovanni Battista de' Cavalieri, Itália, 1585.Título original: Opera nel a quale vie molti Mostri de tute le parti del mondo antichi et moderni ... (Monsters from all parts of the ancient and modern world). Veja em: http://www.flickr.com/photos/kintzertorium/

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Tuesday, May 05, 2009

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 52


Gripe dos porcos

O Homem mandou convocar uma reunião urgente para tratar do grande problema. Ele havia recebido uma mensagem das autoridades do Ministério da Sanidade Pessoal ordenando que fossem tomadas medidas sobre a gripe dos porcos. Ele queria se ver livre dessa história logo, logo. Na hora aprazada estavam todos reunidos no auditório todo forrado de veludo, sob um silêncio adequado e debaixo de um friozinho agradável de dezoito graus provido por potentes condicionadores de ar “split air” de último modelo. O Homem manda o Outro falar, pois ele já tinha passado todas as instruções recebidas. O Outro começa:

- Vocês sabem que essa tal gripe está preocupando todos os administradores mundiais desde o Barack, passando por Nosso Guia até nós aqui. Agora com essas chuvas e enchentes temos de implementar as medidas recomendadas urgentemente. Já sabemos que essa tal gripe mata, principalmente velhos e crianças o que, diga-se de passagem, melhoraria nossos índices, tipo IDH e por aí vai. Mas as autoridades querem impressionar e impõem à gente medidas urgentes. Lá vai, portanto. E mandou o Naldo, ajudante pessoal, iniciar a projeção do material com suas ordens do qual retiramos algumas:

Mandar os desabrigados construírem barracos em palafitas a beira do Rio para abrigá-los;
Mandar os desabrigados construírem também passarelas de madeira para alcançarem seus barracos;
Distribuir cestas básicas doadas (uma cesta doada será dividida em três) pelas famílias dispostas a tal. As cestas devem conter velas, muitas velas;
Sortear dois terços das cestas entre os nossos amigos que moram perto das margens do Rio (e os que moram longe, também);
Reunir as equipes médicas dos diversos hospitais da cidade em uma das palafitas a qual será dado o nome da mãe do Homem, (não seria melhor o da minha?);
Distribuir garrafinhas de água doadas pelo Senador (qual?);
Vacinar os desabrigados/barracantes com vacinas (dar metade da dose recomendada);
Distribuir/aplicar alguns dos remédios recomendados por meio de vendas sigilosas aos desabrigados\barracantes;
Mandar uma comissão fazer a limpeza dos locais de sepultamento no cemitério e fazer uma listagem dos candidatos;
Fazer um convênio com a empresa funerária para promover os enterramentos a preços populares;
Mandar fazer caixões de diversos tamanhos e vendê-los a um preço módico às famílias dos pretendentes;

Após a reunião o Homem e o Outro se dispõe a visitar, pela primeira vez em anos, a zona conflagrada, mas na última hora o Homem desiste e vai para seu Palácio tomar umas doses de “Cream Whisky”, pois ninguém é de ferro. O Outro não tem coragem de ir sozinho sem ele à visita ou com ele ao uísque. Os participantes se dispersam aptos a cumprir as ordens das autoridades superiores.

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Monday, May 04, 2009

CHEIA DO RIO COREAÚ NA GRANJA


Há cerca de 80 anos não se dá uma cheia no Rio Coreaú, tão grande como a de agora. Faz pena constatar as condições precárias em que vivem as populações ribeirinhas da Boca do Acre e do Barrocão e que agora são violentamente ampliadas - mas elas, as populações, sempre viveram em condições sub-humanas.
Para fotos da atual enchente ver o blog "I a Granja?" (http://iagranja.blogspot.com/)

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Sunday, May 03, 2009

Mosteiro do ninho do tigre


Mosteiro do ninho do tigre:Takeshang Gompa, Butão

Veja a impressionante localização do Takeshang Gompa no Butão.
Este mosteiro, construído em 1692 em um rochedo a cerca de 1000 metros de altitude, recebe turistas que queiram meditar.

Para saber mais siga os links: http://www.buddhanet.net/bhutan-gallery/pages/Bhutan%20114.html
E http://www.mundogump.com.br/eles-vivem-na-beira-do-abismo/#more-3278

(Buddha Dhamma Mandala Society and Ven. S. Dhammika)

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HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 125


Sorrisos trocados

Sempre que podia Júlio César ia até ao Mercado visitar seus novos amigos, não era somente uma visita de cortesia, pois ele aproveitava para comprar algumas bugigangas, a fim de mostrar interesse: um chapéu novo que só seria usado uma vez, uma lamparina que ia enferrujar junto às outras que ele guardava e, de vez em quando ele cortava o cabelo para desgosto da Marcinha que tinha de consertar os caminhos de rato deixados pelo amigo barbeiro. Foi em uma dessas sortidas que ele a viu: em pé atrás do balcão da bodega do Vicente ela levantou o olhar quando ele passava e os dois trocaram um sorriso. Júlio César nunca mais teve sossego. Ele não observou que ela havia levantado a perna direita como se fosse lhe dar uma patada. Na volta ela o chamou e entregou-lhe um papelucho com alguma coisa escrita. Júlio César guardou o papelucho e o leu em casa, mas não entendeu coisa alguma. Era isso o que estava escrito:

“Vcoê ptenrece msmeo a uma fliimaa de atseadobs; não etsá vdeno
meu itressne por vcoê? Aorga nsosa rlãçaeo sreá à mhnia mrnaiea eiunqa!”


(Açergado ao Iianco Xvaeir Giuoeva a labnerçma)

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Friday, May 01, 2009

POEMAS BARRETO/XAVIER 70


LÍVIO BARRETO – O Lucas Bizarro da Padaria Espiritual em seu único livro – póstumo – Dolentes nos deixou este poema:

PARA ALGUÉM


Da tua boca, encarnação do Belo,
Suspensa está minh´alma ansiosa e louca:
Suspenso está tudo que almejo e anelo
Da tua boca.

Do teu sorriso cândido e suave
Pende meu ser em ânsias indeciso,
Sempre que escuto o doce canto da ave
Do teu sorriso.

Do teu olhar leal um raio implora
Minh´alma e canta quando o vê baixar,
Pois ele vive dessa luz, Senhora,
Do teu olhar.

Do teu amor a pérola mimosa
Meu coração inunda de fulgor;
Ah! dá-lhe um pouco, ó pálida formosa,
Do teu amor.

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