Friday, February 29, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 14


LÍVIO BARRETO XAVIER (1900 – 1988). Em entrevista a Almeida Salles, tornada livro – “Infância na Granja” – Lívio afirma: ”Fiz normalmente algum soneto ou balada, aos 17 anos, como algum poema, até em francês, perto dos 30 e depois dos 40. O resultado dessa atividade que não posso deixar de qualificar de poética não me dá, contudo, o direito de pretender o título de poeta”. Assim era Lívio Barreto Xavier.

NATUREZA MORTA

A natureza nos teus olhos arde
A natureza nos teus olhos morre

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VISTAS DA GRANJA 34 - RUA WALDEMIRO CAVALCANTI








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Wednesday, February 27, 2008

O Povo da Malhadinha/O Povo da Granja 42


A mocinha -The young lady

A mocinha havia sido “depositada” em casa de seu tio Zacarias na Barra. Parece que ela andou fazendo umas estripulias nos Angicos, onde mora com os pais e estes a levaram pra lá. Na noite de sexta-feira última um bando de seis homens atacou a casa do velho Zaca e gritaram pela mocinha e que a arrancariam à força se ela não saísse logo. O velho gritou um grande “não” para os atacantes e saiu atirando junto com o filho, que era soldado. Ao fim da batalha os bandidos que sobraram, foram dois, os outros fugiram, o velho saiu ferido numa perna e o Inásso, que era quem fazia estripulias com a prima, lá nos Angicos, foi se aninhar com ela no seu quarto.

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Tuesday, February 26, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 21


Clones de Talzinho – Little Tal clones

Talzinho estava cansado de tanto ressuscitar. Ele acreditava que poderia passar seu cetro para alguém da segunda, ou terceira gerações de sua casta. Mas ninguém se apresentava para tomar seu lugar, todos sabiam que, apesar de não mais querer ressuscitar era certo que ele continuaria como chefe do clã. Por meio de seus contactos em Wales ele consultou uma equipe de cientistas gaélicos especializados em clonagem humana. Ele pagou uma dinheirama, mas conseguiu um duplo clone seu; quando chegasse a hora ele faria uma escolha judiciosa e passaria o cetro para o preferido. Ele teria a certeza de continuar vivo no coração de seus súditos.

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Monday, February 25, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 11



Ella e o raio - Ella and the lightning

De longe, lá do alto, Ella ouvia a forte chuva e o ribombar dos trovões e via cada vez mais intensos os relâmpagos que caiam sobre o sertão. Ella viu Ricardo caminhando pela estrada com uma enxada em um ombro e um rolo de arame farpado no outro. Ella deu um largo sorriso e ficou esperando o próximo relâmpago e depois que este caiu, logo em seguida se acercou do jovem caído e o ajudou em sua caminhada final.

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Sunday, February 24, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 64


Eu fiz Ravena - I made Ravenna

Estava com amigos em um bar quando um deles pergunta o que significa “aquilo” na camiseta. Carlos vestia camiseta com a impressão de um ladrilho e mostrando uma inscrição abaixo: RAVENNA. Ele diz ter sido comprada em uma cidade quando de sua última viagem à Europa. Mas onde fica, pois eu nunca ouvi falar dela? E olhe que eu e minha patroa já fizemos umas doze cidades da Europa, Portugal, Espanha, Itália, Paris, Alemanha e até Noviorque. Ele informa: é uma cidade italiana, famosa por seus queijos de cabra e por uma cachaça especial. Seu único defeito é que ela é cheia de veados brasileiros.

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Friday, February 22, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 13


INÁCIO XAVIER FILHO (1921-1999). Uma de suas irmãs dizia que ele era “bastante inteligente..., extraordinariamente inteligente”. Inacinho deixou muitos poemas publicados e muitos mais inéditos. Temos hoje mais uma amostra desses últimos:

Noite, Sono e Dia.

Que noite exótica!...
De cantoria, de carnaval...

No tempo parado
Pela algazarra,

Um galo preludia
O dia seguinte.

A amora rósea,
Surge com perfumes.

A musa alada entoa,
Mil canções à toa...

Depois do sono aliviado,
Por certo dose tranqüilizante,

O triste coração, ressentido,
Se alegra como o amor à vida...

Nada melhor que dormir,
E sonhar sem pesadelo!

27/2/88

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VISTAS DA GRANJA 33 - BARRA DOS SALDANHA












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Wednesday, February 20, 2008

O Povo da Malhadinha 41


Raiva/Rage

Certa vez Raimundo Maçambique viajava com sua mulher na garupa. Subitamente o alazão estaca quando uma cabra cruza, aos pinotes, a estrada. O Maçambique cai da sela de mau jeito e sente que quebrou a perna direita. Ele conseguiu pôr-se de pé e resmungou:

- Já que eu quebrei uma vou quebrá a outra!

Dizendo isso pegou uma enorme pedra e a jogou na perna por repetidas vezes até quebrá-la, a perna.

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Tuesday, February 19, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 20

“Pequena Miss Sunshine”.

Ele acordou e sentiu uma leve ardência no lado esquerdo do pescoço. Diante do espelho viu marcas vermelhas, simétricas como se fossem marcas de dentes. Nada que lembrasse explicava essas marcas. Paulo ficou espantado quando conseguiu rememorar o sonho que tinha tido: Novamente Ellla lhe aparecia como nos outros dias e, simplesmente sorrindo, achegava-se e reclamava que ele não a havia convidado para ver “Pequena Miss Sunshine”.
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Monday, February 18, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 10


Ice caffe gelado

Eliza amava ler se é que se pode falar de amor por ler “As Benevolentes” ou mesmo “Quando Nietzsche chorou”. O certo é que era uma jovem bonita, atlética e cheia de graça. Não havia quem lhe resistisse ao charme. No calçadão Henrique lançou-lhe dezenas de armadilhas para ver se ela pelo menos olhava para ele, mas nada acontecia. Certo dia encontrou-a em um café chique e ao cumprimentá-la pela primeira vez ofereceu-lhe um “ice caffe” - Eliza aceitou. Henrique imaginou então que ela poderia tomar, talvez, um cálice de Drambuie, mas não, esse ela não aceitou. Ao terminarem a bebida ela ergue-se e diz:
- Obrigado!
Ele sai rindo sem se incomodar com a rápida desmitificação.

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Sunday, February 17, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 63


Moça de família/Family girl

O frangote era mesmo enxerido, pois na idade em que todos os companheiros ainda montavam em grandes carneiros brancos, selados, ele já procurava namoradas. Certo dia ele atraiu uma mocinha de segunda ou talvez fosse mesmo uma pistoleira e um pouco mais velha que ele e saiu com ela pelos trilhos da estrada. Só que o aterro passava bem ao lado de sua casa e logo que sua mãe os viu gritou:

- Daniel vem prá casa! Deixa de arrumação! Ele grita de volta:
- Mamãe a moça é de família!

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Saturday, February 16, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 12


O autor do poema de hoje, “Lágrimas”, Lívio Barreto, o “Lucas Bizarro” da Padaria Espiritual, nasceu nos Angicos - povoado do município - e faleceu na Granja em 1895; deixou uma única obra publicada ("Dolentes").

LÁGRIMAS

Lágrimas tristes, lágrimas doridas,
Podeis rolar desconsoladamente!
Vindes da ruína dolorosa e ardente
Das minhas tôrres de luar vestidas!

Órfãs trementes, órfãs desvalidas,
Não tenho um seio carinhoso e quente,
Frouxel de ninho, cálix rescendente,
Onde abrigar-vos, pérolas sentidas.

Vindes da noite, vindes da amargura,
Desabrochastes sobre a dura frágua
Do coração ao sol da desventura!

Vindes de um seio, vindes de uma mágoa
E não achastes uma urna pura
Para abrigar-vos, frias gotas d´água!

-(19)93-

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Thursday, February 14, 2008

VISTAS DA GRANJA 32 - A RVC DESTRUIDA





Os trilhos da RVC foram arrancados do chão e vendidos ou roubados, os milhares de dormentes tirados das matas vizinhas, apodrecidos, o leito da estrada foi coberto pela vegetação, os prédios das estações foram abandonados - alguns escaparam com outros destinos. Na Granja ficaram poucos sinais da existência dessa ferrovia que alguns diziam ligava o nada ao nada. Talvez eles tivessem razão. Divirtam-se com a memória.




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Wednesday, February 13, 2008

O Povo da Malhadinha 40


A ponte – The bridge


Maçambique foi casar na Granja com "A moça Bela", filha do "home” Joaquim da Cruz. O casamento foi marcado para as sete horas e bem antes disso os noivos seguiram para a cidade com um acompanhamento de mais de cento e cinqüenta cavaleiros. Após a cerimônia foram todos até ao rio para dar de beber e lavar os animais e depois pegar a estrada de volta. Ao chegar ao rio o Maçambique viu A Ponte e não olhou mais para ninguém, nem para a noiva: só tinha olhos para a ponte; todos procuravam falar com ele e nada, pois não respondia a ninguém, nem à noiva. Após ter apeado do cavalo o deixou de lado, sempre de olho na ponte. Quando todos terminaram de lavar os cavalos e os selar chamaram o Maçambique para ir embora, pois o banquete iria começar. Nem selar seu animal ele selou, alguém o fez para ele, e ele não quis levar a noiva na garupa, ela foi com outro. Quando chegaram a casa o banquete tava o maior do mundo, era convidado pra todo lado, música a toda altura - uma festança só. Foi aí que o Maçambique, o noivo, falou bem alto:

- Agora todo mundo fique aí que eu vou voltar, só venho quando eu medir aquela ponte pra saber quantos palmos ela tem de comprimento e de largura!

(Adaptação de um relato feito por Napoleão Saldanha.)

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Tuesday, February 12, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 19


Safe Investiment(o) Seguro

Há poucos dias Jorge recebeu a seguinte mensagem:

Prezado Senhor,

Sou um oficial da Segurança do antigo Presidente Carlos Alfaia e fui encarregado por Sua Excelência para a compra de armas e munição na França. Logo que cheguei em missão a este país meu Presidente foi deposto e preso e está aguardando julgamento em Haia. Eu estou em asilo político e de posse de uma grande soma em euros, mas impedido de sair do país. Por favor, se o Senhor der atenção a esta mensagem, em cinco dias a partir do recebimento de sua resposta, o Senhor terá acesso ao dinheiro em questão e poderemos discutir maneiras de investi-lo. Após sua resposta eu gostaria de receber as seguintes informações pessoais:

Seu número de telefone
Endereço para contacto
Ocupação
Idade

Possam dias felizes & um agradável futuro esperar pelo Senhor, como bem o merece.
Coronel Robert James

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Monday, February 11, 2008

HISTÓRIAS DAS TERÇAS 9


Altas temperaturas – High temperatures

A temperatura média na cidade chegava, muitas vezes, aos 35º C embaixo da tamarineira do Banco – antes do asfaltamento das ruas; após este melhoramento, com o calor na altura dos quarenta graus, o Prefeito contratou o Bar do Nelzim para distribuir, na esquina do mercado, garrafinhas de água mineral para todos, mas somente até às quatro da tarde quando a viração já tinha chegado mesmo.

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Sunday, February 10, 2008

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 62


Prêmio-Nobel-Prize

Caminhando no calçadão os companheiros conversavam animados, como todo dia, parecia uma festa. Subitamente, estaca aquele ex-reitor, certamente para cumprimentá-lo. Após alguns instantes de conversa fiada ele pergunta para Alberto:
- Escuta, porque foi que você deixou de trabalhar em ciência? Alberto respondeu:
- Você não sabe? Enviaram minha indicação para o Comitê do Prêmio Nobel Prize de 2001 e os camaradas lá de Estocolmo recusaram minha inscrição! Eu fiquei zangado e fechei o laboratório.

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Saturday, February 09, 2008

POEMAS BARRETO/XAVIER 11


LÍBIA BARRETO XAVIER (1904 – 1988). Bibi, como era conhecida, deixou alguns poemas inéditos muitos deles escritos sob o pseudônimo de Kézia. Mostramos aqui o poema “Insônia” resgatado de “Poemas esparsos”:

INSÔNIA

Sino diabólico
De memória insana,
Por que não te calas
Ou bates baixinho,
Sino inexorável,
Na noite silente
Repetes cruel
A canção dolente
De agra saudade,
Voz da Desventura.
Soluça baixinho,
Sino da memória,
Em voz de acalanto,
Para adormecer
Coração pulsando
Dolorosamente.
Marcha fúnebre de Chopin
Pálidas mãos cansadas
Fronte torturada
Pranto inconsolado
Procissão de sonhos,
Sonhos mortos... mortos...
Lamento que embala,
Num compasso lento,
Lento, manso e triste,
Acalanto fúnebre
Ao irreparável...

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Friday, February 08, 2008

Thursday, February 07, 2008

O Povo da Malhadinha 39


O canto

No dia do casamento, logo após a cerimônia, o noivo pulou na rede e foi dormir. Quando conseguiram acordá-lo ele resmungou qualquer coisa, levantou-se e escondeu-se em um canto formado pelo encontro de duas grandes portas que se abriam para a sala da enorme casa de sua mulher. Toda vez que ele acordava ele se esgueirava rapidamente para o “seu canto”. Essa arrumação durou até sua morte.

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Wednesday, February 06, 2008

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 18


Mandona

Marta leu o anúncio nos classificados: “Encontro – Homem obediente para mulheres geniosas e mandonas. Compromisso sério”. Mais que depressa ela telefona para o número fornecido e, do outro lado, atende um senhor que lhe diz, ao ser perguntado, ter sido dele o anúncio. Marta dá-lhe um endereço e diz para ele levar duas garrafas de vinho tinto, queijo gorgonzola, alguns pães e que venha logo, pois ela não esperaria muito tempo. Jorge sai correndo para o supermercado onde compra o que sua nova amiga pediu e sai voando para sua casa.

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Friday, February 01, 2008

POSTE EXTRA


Carnaval

Ia animada a festa com a orquestra do Mestre Zé Peba dando tudo e o Batoba, nosso crooner, atacando com uma marchinha – acho que era “As águas vão rolar” - bem animada. Os amigos pulavam no salão, já tocados pela brama e por umas cheiradas de cloretil. As meninas, aquelas, só olhavam e sorriam. Subitamente aparece o Doutor e pede para os três o acompanharem até a entrada. Ao chegar ele lhes comunica com a seriedade de um profissional:

- Ordens de Dona Zuila: vocês estão expulsos, pois não podem dançar, nem mesmo entrar no Clube vestindo camisas de mangas curtas.

O Zé Boião, de vingança, quebra uma ampola de Colombina na saída. Mas não tem jeito, pular e dançar com as meninas só no próximo ano.

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