Friday, November 30, 2007

Thursday, November 29, 2007

O Povo da Malhadinha 29



Café “embaratado”

Os três amigos – José, o vendedor de seguros, Danilo, o médico para atestar a boa saúde dos candidatos e Romeu, que conhecia todo mundo tomam o rumo do sertão a vender seguros da Sul América. O grupo chega à fazenda do “réi Hemetéro”, na Malhadinha. Hemetério é um homem alto, de olhos azuis e rico fazendeiro que lhes atende à porta. Eles sentam-se em volta da mesa na sala, e logo Dona Catarina, a esposa, apresenta um bule de ágate e xícaras brancas e lhes oferece café. Romeu é o primeiro a aceitar, mas não consegue por o café na xícara. Nenhum líquido sai e ele nota que o bico do bule está entupido; devolve o mesmo a Dona Catarina e esta dá um forte sopro desobstruindo a passagem de líquido; retira então a tampa e, com as pontas dos longos e finos dedos de unhas sujas apanha uma barata morta que boiava sobre o café.
- Era uma barata “réia”... Tome seu Romeu.
Romeu, agora rejeitando a bebida, diz, apontando para José:
- O Zé vai tomar...
O vendedor de seguros, emburrado como malhadinha que também é, fecha os olhos e toma o café “embaratado”, mas vende uma apólice de seguro pro “réi Hemetéro”.

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Wednesday, November 28, 2007

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 8

Ella pulou de uma série de postes - HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA - para outra sem nenhum problema e instalou-se na nova - HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA - , de armas – na realidade só sua gadanha – e bagagens – nada, pois Ella não precisa disso, só os braços.

Ella 6

Corria o ano de 1828 e Georg Wolf viajava no brigue Luiza a caminho do Norte do Brasil. Ele acompanhava seus pais que vinham tentar a sorte no Novo Mundo. Georg relutara em vir, pois tinha horror ao mar, um terrível medo da imensidão e profundeza das águas que teria de cruzar, mesmo sendo elas de um verde esmeralda. Logo ao fim da primeira semana de viagem ele resolveu amarrar-se a seu catre para evitar uma possível queda nas águas profundas. Certa noite ele ouve um canto suave e belo que ele acredita ser dirigido a si. A princípio Georg não se incomoda, mas o canto continua e ele quer ir até à murada no convés para ver se descobre quem canta, pois que a voz vem do mar. Quando tenta levantar-se não consegue por mais que se debata. Dai a pouco o brigue começa a adernar, e rapidamente a afundar.

Foi então que apareceu a pequena dama, trajando um manto azul transparente, que olhava para ele com um olhar de frete e lhe estendia sua mão.
Por mais que ele quisesse pegar aquela mão não conseguiu e foi ao fundo.
Ella, vendo a cena, pensou com seus botões:
“Como era diferente de Molching! Lá Ella tinha de carregá-los nos braços!”
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Sunday, November 25, 2007

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 52



Olhos engajados

Marco já não enxergava bem e sua oftalmologista, a Dra. Regina, falou que ele precisava fazer transplante de córneas senão ficaria cego, pois o problema estava em ambos os olhos. Assombrado, ele conseguiu, com auxílio de um deputado, furar a fila dos candidatos e foi logo operado pelo SUS. Ele soube que uma das córneas veio dos Estados Unidos e a outra era de um brasileiro mesmo.
Logo depois da operação sua namorada perguntou:
- Querido qual é o olho americano? Ele respondeu:
- É o direito. E ela:
- E o brasileiro? E ele:
- É o esquerdo.

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Saturday, November 24, 2007

POEMAS BARRETO/XAVIER 1


O Blog publicará, da lavra de poetas das famílias Barreto e Xavier, da Granja, herdeiros da tradição de Lívio Barreto, alguns de seus poemas, alguns publicados, mas a maioria inéditos.

Lívio Barreto, o “Lucas Bizarro” da Padaria Espiritual, nasceu em 1870 e faleceu em1895, tendo deixado uma única obra, “Dolentes” (póstuma).

Não há critérios rígidos para postagem dos poemas mesmo porque nossa equipe técnica não é especialista na arte poética.

A seguir um poema de Lívio Barreto:
O Mergulhador

(Ao Sr. Antônio F. de C. Motta)

Por entre as algas e os corais passando
Desce ao fundo do mar – gigante inerme, -
Seu vasto seio escuro trespassando
Como se fora um pequenino verme,
O audaz mergulhador
Que lhe devassa o undoso coração,
Subindo após, vitorioso, à flor,
Com uma concha ou um coral na mão.

Quando ele desce às solidões marinhas,
As sereias às portas das cavernas
- Tristes paços de prófugas rainhas –
Cantam-lhe doces melodias ternas,
Suaves e sentidas;
E os monstros do oceano apavorados
Fogem, batendo as caudas bipartidas,
Dos pavorosos antros devassados.

E o Homem, no entanto, tateando o limo,
A base dos rochedos rebuscando,
Procura a concha do precioso mimo
A pérola – entre as fezes tateando,
No coração do oceano,
Longo o fôlego exausto e entorpecido
O corpo, frio do labor insano,
Nas salsas solidões quase perdido!

Mas o espírito age. Em brandas cores
Pinta-lhe a suavíssima alegria
Da volta, enfim liberto, dos pavores,
À luz do sol, às árvores, ao dia...
E ei-lo que desce mais
Para logo subir trazendo aos dedos
As pérolas mimosas e os corais
Das cavernas do mar e dos rochedos.

Boa criança que, comigo, sonhas
Num longínquo futuro de alegrias,
Inda entre as desoladas e tristonhas,
Murchas flores das nossas utopias;
Que me trouxeste a rir
O arrimo protetor de teu olhar
Quando, exausto, me senti cair
Farto da vida e farto de chorar;

Também, mergulhador, desci ousado,
Rasgando as ondas, contornando as fráguas
Da vida, mar indômito, assanhado,
Com o peito cheio de canções e mágoas,
De mágoas e de horrores!
Mas ao voltar à flor da vaga cérula,
Bani do coração mágoas e dores
Para guardar-te no meu seio, ó pérola!

- Junho 93 -

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Friday, November 23, 2007

VISTAS DA GRANJA 21 - Carnauba














Os carnaubais da Granja foram, desde o meado do século XIX, a grande riqueza do município. Atualmente com preços aviltados e com altos custos de produção a cera/pó não tem mais muito valor econômico. Ainda se utiliza a palha para fazer chapéus e os produtos tradicionais - urupemas, surrões, etc., mas isso não tem muita significação econômica.

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Thursday, November 22, 2007

O Povo da Malhadinha 28


Agrado


Quando o pai foi visitá-lo logo depois do casamento não o encontrou na casa, pois ele estava dando água pro cavalo, lá embaixo no rio. As jovens nora e suas irmãs ficam animadas com a visita e dizem:

- Oia o tio Viriato chegô! Vamo botá café pra ele que ele é doido por café com bolo!

As mulheres botaram então uma mesada de café pro velho que se abancou e começou a se fartar com os bolos e o café bem preto e quente. Nisso chega o filho e vai logo dizendo, antes mesmo de tomar a benção ao velho:

- É! Rão arrezar eche aí com bolo qui rocês rão rê!

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Wednesday, November 21, 2007

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 7


De Turiassu ao Japão, via Paris

Um pilantra esse Júcio Nacional. Ele tinha uma coluna no seu jornal na Várzea e, de vez em quando, gostava de homenagear alguém do soçaite. No domingo passado ele publicou uma matéria com o título “A dama de Tóquio” ou “O que será isso?”:

“Na estrada velha de Turiassu a Cariré, cruzei com Ronald Corrêa, que pilotava um dos carros mais charmosos da praça, um Nexus coreano, cor champanhe. Ele é irmão da ex-primeira-dama de Turiassu Arlete, que deu a Raimundão três filhas, dizem maravilhosas, após morar em Paris, ela reside hoje no Japão, casada com industrial mineiro.”

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Sunday, November 18, 2007

VISTAS DA GRANJA 20 - Cajueiro, caju, castanha








Cajueiros nativos ainda sobrevivem nas quintas da Granja, na beira do rio; a competição com variedades artificialmente desenvolvidas e com seu beneficiário e principal predador só está começando.






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HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 51


Ella 5

Seu vestido claro lhe chegava aos pés e o chapéu que usava era enorme chapéu, os óculos escuros lhe escondiam os olhos. Sentada à uma mesa de café bem diante da escadaria da Praça de Espanha Ella tinha uma bela visão. Para qualquer lado que voltasse seu rosto via, com seus olhos de lince, centenas de outros dos mais diferentes feitios e cores. Seria uma escolha difícil. Talvez o que primeiro levantasse? Ou o primeiro oriental? Ou talvez aquela indiazinha sul americana, ou o lombardo de barba loura? Podia ser um dos japoneses com uma câmara digital ou o brasileiro moreno de cabelos espetados?

Quando sua escolha foi feita Ella chamou a candidata, pois era uma garota, até a mesa do café e, sem cerimônia, puxou a mão da loirinha americana e disse:

- Vamos, tá na sua hora.

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Thursday, November 15, 2007

O Povo da Malhadinha 27


Cerimonioso

O malhadinha tinha um costume, quase um cacoete, que poucos nas redondezas tinham: gostava de ficar de cócoras, “cócas” como ele e os outros falavam. Onde ele fosse lá estava o Chico Ririato de “cócas”. Um dia ele arranjou casamento com uma moça bonita e logo, logo, marcaram a cerimônia para a Matriz, pois não dava para esperar muito. No dia certo, acompanhados de muitos convidados, talvez uns cem cavaleiros ou mais, eles foram para a cidade. Depois da cerimônia o casal foi, a cavalo, e acompanhado pela cavalgada de convidados, para a casa do pai da noiva onde haveria um almoço de comemoração. Ao chegarem lá a mesada já estava pronta só faltando os noivos sentarem à cabeceira, um ao lado do outro, e os convidados também tomarem assento para que se iniciasse a festa. Quando procuram o noivo descobrem-no acocorado em cima do enorme caixão de guardar farinha que ficava no alpendre. Os presentes gritam por ele chamando-o para tomar seu lugar ao lado da noiva, agora esposa e ele responde de lá:

- Home traga o meu prato que eu vou comer aqui mermo!

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Wednesday, November 14, 2007

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 6


Maykon e Mayquel

Gêmeos, mas um louro e o outro moreno. Todo mundo sabia que os dois eram filhos de Dona Florência e do Seu Miguel que não tinham nada de louro. Daí era um falatório só. Até na escola dos meninos os colegas mexiam com eles:
- Ei vocês não são irmãos, não.
Um, mais experiente, dizia:
- Como é, Maykon, teu pai já chegou da Suécia?
As crianças levavam essas histórias para casa e só causavam maiores chateações.
O casal jurava de pés juntos que os dois eram gêmeos, não da qualidade verdadeira, mas gêmeos, você sabe. Só que eles diziam não entender o ocorrido.
Havia um porém, no entanto, vizinho a eles morava um empregado do Unibio, aquele laboratório famoso que faz exames de DNA. O Roberto vivia pedindo ao casal para levar amostras de saliva dos meninos para fazer exame, mas eles se negavam a dar.
O Roberto não desistia e, a custa de balas e picolés ele conseguiu que as próprias crianças o deixassem passar cotonetes nas suas gengivas. Algum tempo depois os coleguinhas na escola notaram que os gêmeos não apareciam mais na escola. A casa em que moravam foi desocupada e alugada para outra família. E o Roberto não falava nada.
Certa tarde, meses mais tarde, apareceu um senhor, que se identificou como Mr. Gustaf, à procura de Dona Florência. Ninguém soube informar onde o casal estava morando.

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VISTAS DA GRANJA 19 - A Boca do Acre







O bairro da Boca do Acre na Granja deve ter recebido esse nome em homenagem à cidade do Amazonas fundada em 1878 na confluência dos rios Acre e Purus pelo Comendador João Gabriel de Carvalho e Melo. Este cearense, à frente de um grande grupo de nordestinos, em sua maioria cearenses, foi responsável pela colonização da região e produção de borracha. A data de 1878 sugere que os cearenses faziam parte da corrente migratória originada quando da terrível seca de 1877-1879.

A Boca do Acre é um belo e esquecido bairro da Granja cujos moradores, alguns talvez descendentes dos antigos migrantes, esperam por melhores dias.

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Sunday, November 11, 2007

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 50


Em comemoração do qüinquagésimo aniversário das HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA

Julie

Julie tinha vindo de Montana para estudar Artes em Paris. Sem um tostão, ou melhor sem um euro. Veio aventurar. Após mais de um ano ela estava empregada, não como Consultora de Artes, como sonhava, mas como garçonete em um bistrô em Montmartre. Certa tarde de outono Jorjão chega ao bistrô e senta-se sem pedir licença. Ele é brasileiro e vai logo estirando as pernas, atrapalhando o movimento do povo na calçada. Acende um Gauloise e pede uma taça de tinto e um “croc monsieur” e demora uma boa hora, bebendo, fumando, mastigando, cuspindo e dando piscadelas de olho para Julie e jogando ditos e chistes como:

- Você fala um belo inglês... Mal sabia ele que a moça era americana.

A princípio ela não liga para os galanteios, mas aos poucos se rende ao charme do Jorjão e joga-lhe olhares e sorrisos encorajadores.

Quando resolve sair ele pede a conta e, deixando uma bela gorjeta, estende a mão para cumprimentar Julie puxando-a para si e dando-lhe um beijo cinematográfico. Ela corresponde e diz:

- À demain, monsieur...


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Thursday, November 08, 2007

O Povo da Malhadinha 26


Trilha

Muitos anos depois de ter deixado a Malhadinha e trocado a Granja pela Fortaleza alguém perguntou ao velho tio onde ficava sua casa. Ele respondeu:

- Eu moro debaixo da tria dos avião!

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Wednesday, November 07, 2007

HISTORIETAS DO MEIO DA SEMANA 5



Dieta


Vicente tinha um amigo que adorava ler os cadernos de saúde e ciência dos jornais de domingo. Neles o amigo aprendia dezenas de receitas e contra-receitas para tudo que é doença. Os dois se encontravam sempre na Beira mar e o amigo ia logo dizendo ter lido em algum lugar que bom mesmo para baixar pressão era chá de alguma folha ou casca de pau; dessa vez era o chá de colônia que fazia baixar a pressão do sangue. Vicente retrucou:
- Tem cuidado, pois se tomar forte demais pode ser que faça mal ao fígado.
Continuaram a conversar sobre outros assuntos, mas da próxima vez, a mesma história, Vicente diz:
- A Hilda me disse que caminhar devagar faz é mal... O amigo nem o deixa terminar e fala:
- Para fazer efeito você tem mesmo é que correr e suar.
De outra vez Vicente fala:
- Pois não é que estão dizendo que comer ovo faz bem; até outro dia fazia um mal danado; eu mesmo deixei de comer. E agora?
- Não tem problema não rapaz, pois tu pode comer tudo que é de coisa com ovo e depois toma uma pílula de Sinvastatina. Essa tu pode comprar mesmo sem receita. E, tipo assim, tu pode correr também.

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Monday, November 05, 2007

VISTAS DA GRANJA 18 - À PROCURA DA TAPERA DA MALHADINHA DO SANCHO






O casal José Sancho Xavier Lelou e Raimunda Maria da Penha, os pais de Ignácio Xavier, viveram na Malhadinha em uma casa há muito desaparecida; restou somente uma tapera. É esta tapera que fomos procurar no chamado Serrote do Sancho.







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Sunday, November 04, 2007

HISTORIETAS DE SEGUNDA-FEIRA 49


Trenitalia

Após uma semana inteira descendo e subindo escadas de acesso aos trens Vicenza resolveu comprar um desses bonecos que vêm em caixas e que quando se pressiona um pequeno botão ao lado eles saltam ligeiros e lépidos. Ao descer na estação de Bolonha, diante de três lances de escada, ela mais que depressa apertou o dito botão liberando o boneco a quem ordenou:

- Leva as malas prá cima moleque!

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Saturday, November 03, 2007

Thursday, November 01, 2007

O Povo da Malhadinha 25


Qual é tua idade?

Raimunda chegou para o primo e perguntou desavisadamente:
- Inásso, qual é mermo tua idade? O “velho” logo responde:
- Pergunta à tua mãe que eu mamei nela!

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